Fecho das urgências? É a "ponta de um iceberg muito mais complexo"
O deputado social-democrata Baptista Leite pediu, num espaço de comentário da CNN Portugal, que a ministra da Saúde, Marta Temido, "assuma, perante o país, o que é que falhou de facto"
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Política SNS
Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD, considerou no domingo, num espaço de comentário da CNN Portugal, que a situação de crise que tem vindo a ser registada, nas últimas semanas, nos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é a "ponta de um iceberg muito mais complexo - de problemas graves do ponto de vista do modelo de gestão do SNS e que está a levar a esta fuga de profissionais".
A propósito deste tema, o social-democrata disse acreditar que "é preciso resolver a situação de imediato". Uma situação que, como explicou, não tem sido exclusiva das urgências de Obstetrícia e de Ginecologia. "Temos visto também outros serviços de urgência fecharem, de outras áreas de especialidade", garantiu.
Porém, Baptista Leite pediu ainda que a ministra da Saúde, Marta Temido, "assuma, perante o país, o que é que falhou de facto". "Até agora ninguém foi demitido, que eu saiba. Ainda ninguém foi chamado à responsabilidade", acusou o deputado.
"O professor Aires de Campos, que foi agora nomeado para liderar esta comissão [de acompanhamento da resposta em urgência de ginecologia e obstetrícia e bloco de partos], disse na RTP que ele e um conjunto de diretores de obstetrícia avisaram, numa reunião com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, já em janeiro deste ano, sobre os problemas que teriam em junho, julho e agosto deste ano - porque já tinham feito as escalas a seis meses e perceberam que não tinham capacidade de resposta", exemplificou Ricardo Baptista Leite.
O deputado referiu ainda que o facto desta entidade não ter sido capaz "de preparar" e de "informar a ministra, que disse que desconhecia a situação", com "seis meses de aviso" prévio é razão suficiente para resultar em "consequências".
Na perspetiva do social-democrata, a problemática situação que tem sido verificada nos serviços de urgência é o resultado de "de erros graves de planeamento". E, por essa mesma razão, considera que é "fundamental que haja uma resposta, que não pode esperar por setembro, pelo final do trabalho da comissão" - mas que tem, sim, de ser "imediata".
"Aliás, o senhor primeiro-ministro tinha prometido uma resposta e uma resolução até segunda-feira passada, mas infelizmente vemos que a situação está longe de estar resolvida", afirmou ainda Ricardo Baptista Leite.
Perante todo este cenário, os próximos meses serão tudo menos animadores para o SNS, na ótica do deputado que é, também, médico de profissão. "Temos pela frente um verão que será crítico porque, com recursos humanos já limitados graças à saída de profissionais, sobretudo os mais qualificados [...], as equipas estão a ser deixadas numa situação em que, com as férias habituais dos profissionais, os serviços deixam de ser capazes de manter sequer uma escala mínima e são, portanto, forçados a fechar os serviços de urgência", concluiu.
Estas declarações surgem depois de, nas últimas semanas, terem sido reportados inúmeros casos de falhas nos serviços de obstetrícia e ginecologia por todo o país, derivado de dificuldades em assegurar escalas de profissionais.
Algo que levaria a ministra da Saúde, Marta Temido, a anunciar um "plano de contingência" até setembro para fazer face ao problema que se vive no setor e a criação de uma comissão para acompanhar a resposta das urgências de ginecologia e obstetrícia e dos bloco de partos dos hospitais, integrando coordenadores regionais e um nacional.
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