O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva deu, esta quarta-feira, num artigo publicado no Observador, os parabéns a António Costa pela maioria absoluta, recordou as suas maiorias e reformas que promoveu nesses governos e disse esperar que este executivo faça ainda melhor. À noite, na CNN Portugal, Isabel Moreira disse que a "razão que encontra" para o ex-governante ter "esperado" quatro meses após a vitória do PS nas eleições legislativas de 30 de janeiro para reagir "tem a ver com a eleição de Montenegro".
"Percebo que se esteja a analisar muito um artigo que não seria tão conhecido se não fosse a projeção que lhe é dada", salientou a parlamentar, reiterando: "Acho que este tempo de espera tem a ver com a recém eleição de Montenegro, porque há uma frase muito importante que é dita no artigo que, às tantas, Cavaco Silva diz que, quando há uma maioria absoluta, o partido que perde tende a ficar ressentido".
Para Isabel Moreira, pode haver "um recado para o próprio Montenegro [...] pode ser também um momento para dar um recado ao próprio PSD".
"Quanto às coisas que diz a António Costa, não sei se agora seria adequado fazermos uma história outra vez do que foram as maiorias absolutas. [...] Cavaco Silva foi uma pessoa que, de facto, conseguiu ser primeiro-ministro em maioria relativa, depois em duas maiorias absolutas, duas vezes presidente... tem um lugar na história", asseverou a socialista, considerando que, contudo, "não é, certamente, Cavaco Silva que estabelece a bitola para António Costa, isso é o povo português, o eleitorado".
Recorde-se que, no artigo, Cavaco Silva pede desculpa pelo atraso com que felicita António Costa e considera: "Foi uma vitória da sua pessoa como líder do PS". "É certo que beneficiou dos erros do PSD e da benesse do PCP e do BE ao chumbarem o Orçamento do Estado para 2022, mas ninguém lhe pode tirar o mérito", escreveu.
O ex-governante lembra as maiorias absolutas que conquistou e enumera as reformas feitas no tempo dos seus governos, sublinhando que, nessa altura, foram dados alguns passos que abriram novas perspetivas à geração de Costa e que “facilitam” agora a tarefa do Governo: "Receio que, na excitação da tomada de posse, se tenha esquecido de que vários desses passos resultaram do diálogo e do consenso com o seu partido", atirou Cavaco Silva.
Cavaco também lembrou a persistência da parte dos seus governos para “estabelecer alguns consensos importantes” com o PS e sublinha vários, dizendo que o faz como estímulo para que o Governo de António Costa “faça mais e melhor”. "Estou convicto de que o primeiro-ministro é capaz de fazer mais e melhor", apontou.
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