O presidente liberal, João Cotrim Figueiredo, participa hoje, em Bruxelas, na reunião de líderes do ALDE Party (Partido da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa), tendo adiantado à agência Lusa aqueles que espera que sejam os principais temas em discussão numa reunião que terá como ponto principal a situação na Ucrânia.
De acordo com João Cotrim Figueiredo, nesta reunião será "passado em revista" tudo o que aconteceu desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, pretendendo fazer-se "um ponto de situação daquilo que tem estado a funcionar melhor e pior" e também "planear os passos seguintes" como arranjar novas formas de "criar pressão diplomática nalguns 'players' que têm estado neutrais", como é o caso da China.
"Programar também outro tipo de sanções e pôr em cima da mesa algo que tem havido alguma resistência, algum pudor, que é acabar com as compras de petróleo e gás à Rússia, algo que causa dano obviamente a quem deixa de comprar, mas causa ainda mais dano a quem está a usar essas receitas para continuar a financiar o esforço militar", acrescentou.
O presidente da Iniciativa Liberal deu conta que, entretanto, houve um "marco simbólico que é da maior importância para os liberais na Europa" que é o facto de o partido do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyfoi, ter sido admitido pelo ALDE.
"Espera-se uma reunião participada, viva e com bastante sentido prático de tentar adotar posicionamentos e medidas que possam efetivamente ajudar o povo ucraniano e o Governo ucraniano a resolver esta crise da melhor maneira, o que significa não permitir ganhos políticos e militares à Rússia nos processos de negociação e de paz que mais tarde ou mais cedo hão de ter que dar frutos", enfatizou.
Este é o objetivo da participação dos liberais portugueses neste encontro, prosseguiu o deputado, esperando "que não seja meramente simbólico e que tenha resultados práticos do ponto de vista de ações a tomar pelo ALDE enquanto tal e também pela estrutura do Parlamento Europeu de que o ALDE também faz parte".
Segundo Cotrim Figueiredo, o ALDE "tem por hábito reunir-se antes dos Conselhos Europeus e desta vez não será exceção" e, apesar da agenda vasta, antecipa que este encontro será dominado pela Ucrânia.
Bruxelas acolhe hoje três cimeiras de alto nível, com os líderes da NATO, do G7 e da União Europeia a procurarem transmitir um sinal de forte unidade face à guerra lançada pela Rússia na Ucrânia, há precisamente um mês.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de visita à Europa, participará nas três cimeiras, tornando-se o primeiro chefe de Estado norte-americano a marcar presença fisicamente num Conselho Europeu, naquela que é simultaneamente a quarta cimeira de líderes da União Europeia (UE) nas últimas cinco semanas.
Portugal estará representado na cimeira da NATO e no Conselho Europeu -- este último de dois dias, entre quinta e sexta-feira -- pelo primeiro-ministro, António Costa.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 977 mortos, dos quais 81 crianças e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo 108 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,60 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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