“As palavras do primeiro-ministro não colam com a prática. Uma coisa são as palavras, outra são os atos”, assinalou hoje o líder socialista àmargem de uma visita à 19ª edição do Salão Internacional do Sector Alimentar e de Bebidas (SISAB), que decorre por estes dias em Lisboa, salientando que “precisamos de políticos que façam corresponder as palavras à ação”.
A título de exemplo, o secretário-geral dos ‘rosa’ referiu o caso da “lei das bases do ambiente”, em que “o Governo rejeitou a proposta do PS” e também o “acordo sobre fundos comunitários, (…) e a privatização da EGF”, que efetua o tratamento de resíduos sólidos, e cuja privatização “não estava prevista”.
Seguro abordou ainda a “concertação e o diálogo social”, apontando que o Executivo aprovou a “regulamentação dos despedimentos sem consenso de representantes dos trabalhadores”. É, portanto, um “discurso mediático que não tem correspondência com prática do Governo”, rematou.
“Não é essa a minha maneira de olhar para os problemas do país. Quando Passos Coelho faz esse apelo, está a reconhecer que milagre económico não se tem vindo a concretizar”, frisou.
O líder da oposição lembrou que “desde novembro de 2011 que o PS propôs ao Executivo renegociar o programa de ajustamento”, pedindo “mais tempo para equilibrar contas públicas de modo a que os sacrifícios tivessem sido mais suaves”. “Desde essa altura que o primeiro-ministro recusou as propostas do PS, [mas] o PS nunca faltou ao país”, concluiu António José Seguro.
Questionado sobre uma saída limpa do programa de ajustamento externo, o secretário-geral salientou que “a Europa, através dos seus principais líderes, tem vindo a perder a sua matriz fundadora, a solidariedade”, visto que “só olham para os seus interesses específicos”.
Estas palavras surgem em resposta ao primeiro-ministro Passos Coelho que recuperou esta manhã o apelo ao “consenso” entre os partidos do arco da governação.