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"Evolução na capacidade de intervenção sem sacrificar princípios"

O fundador do BE Luís Fazenda defende que o partido, ao longo dos 20 anos de história, manteve a natureza e os princípios, mas conseguiu uma evolução significativa na "capacidade de intervenção" e respostas setoriais.

"Evolução na capacidade de intervenção sem sacrificar princípios"
Notícias ao Minuto

06:45 - 28/02/19 por Lusa

Política Luís Fazenda

Quando há duas décadas três partidos de esquerda se quiseram aliar, acabar com a fragmentação e criar uma nova força política, o Bloco de Esquerda (BE), foi precisamente Luís Fazenda, então secretário-geral da UDP, que tomou a iniciativa e iniciou os contactos.

A Francisco Louçã (PSR), Luís Fazenda (UDP) e Miguel Portas (Política XXI) juntou-se o historiador Fernando Rosas (que tinha estado nos anos 70 na fundação do MRPP, mas que então estava afastado de qualquer partido) para lançar o BE, cuja assembleia de fundação foi precisamente há 20 anos.

"Nunca tive qualquer dúvida acerca da necessidade de um projeto político como o do Bloco de Esquerda. Ele evoluiu, não é exatamente o mesmo que existia na fundação e há de evoluir sempre, como qualquer forma política que não é estática, mas isso não implica que haja qualquer ideia de saudosismo político", garante, em entrevista à agência Lusa.

Para Luís Fazenda é notório que "os princípios são os mesmos" ao longo destas duas décadas de BE e deixa claro que nunca temeu pelo fim do partido, apesar dos vaticínios, desde o arranque do Bloco, de que "não dura nem seis meses".

"O que foi evoluindo no Bloco de Esquerda foi a sua capacidade de intervenção, necessitando depois de muitas respostas setoriais, muitas áreas e, nomeadamente, a última experiência de apoio parlamentar a um Governo minoritário do PS obrigou a um desenvolvimento muito grande de políticas setoriais e de conhecimento de inúmeros dossiês que não eram propriamente o frontispício do Bloco na sua nascença", justifica.

Sem mudanças de "natureza, de caráter ou de perfil", o BE sob o ponto de vista da sua matriz, "continua a ser um projeto socialista, ecologista, feminista, não dogmático, popular e combativo".

Era precisamente um partido com estas características que faltava em Portugal no final dos anos 90, sendo a ideia fundadora "preencher um largo espaço político que não tinha representação", já que "a esquerda radical estava dividida em vários grupos por desinteligências ideológicas antigas" que, à época, "já não faziam muito sentido".

"A UDP tomou a iniciativa nesse contexto, mas todos em conjunto procurámos encontrar uma nova forma de estar na política portuguesa e em boa altura o fizemos, porque foi possível mudar o mapa político em Portugal, criar uma outra área que tem vindo a ter uma influência crescente", lembra.

No cartaz da primeira campanha eleitoral lia-se "Tempo de sermos exigentes", considerando Fazenda que foi isso que o BE "trouxe à política portuguesa".

As conversas, as reuniões, o "partir pedra" para fundar o BE duraram "o tempo simbólico de uma gestação", oito a nove meses, recordando o dirigente bloquista que o texto "Começar de Novo", declaração que lançou o partido, foi "relativamente fácil de consensualizar".

"O importante foi criar a base política e o entendimento de que éramos uma plataforma política com liberdade ideológica, com diferentes interpretações, à esquerda, do mundo, mas que não estávamos ali para formatar uma tendência ideológica, mas para encontrar uma aliança política, uma plataforma de intervenção política contra o liberalismo dominante e para recuperar os valores sociais da esquerda", acrescenta.

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