Carlos Abreu Amorim leu o texto de opinião de Fernanda Câncio, publicado hoje no Diário de Notícias, e não gostou.
No seu ponto de vista, trata-se de um “texto impressionante na sua desfaçatez, sem qualquer declaração de interesses, desprovido sequer de um ensaio de explicação de como se conviveu e se fruiu, alegremente, de todos os equívocos e óbvias indignidades que agora se descrevem com minúcia”.
Embora a ex-namorada de José Sócrates o critique, não pelos crimes de que é acusado, mas pela conduta ética e moral que manteve face ao seu partido e aos seus apoiantes, o deputado do PSD entende que tudo é escrito “com o intuito gelado de também se ressalvar”.
Para Carlos Abreu Amorim, Fernanda Câncio, “pura e simplesmente, num ápice, pincha-se da posição de ‘muralha de aço’ de alguém para a de seu flagelador principal”.
“A autora, faz as vezes de ‘tricoteuse’ de serviço na reviravolta tática dos antigos aduladores pessoais e filhos políticos de Sócrates que agora está em curso”, escreve o social-democrata na sua página pessoal do Facebook, acrescentando que “tudo isto se insere numa jogada de política pura”, pois “Costa e os seus estão-se a tentar livrar do embaraço Sócrates antes das Legislativas - tal como os répteis mudam de pele quando uma nova estação se aproxima”.
“Contudo, muito mais do que isso, este texto, quem o escreve e o que o envolve, exibe a marca intemporal da amoralidade e da infâmia de que os clássicos nos avisam como sendo parte essencial daquilo que a natureza humana é feita e desfeita”, remata.
De referir que Fernanda Câncio não foi a única comentadora que escreveu, esta segunda-feira, sobre o antigo primeiro-ministro.
Também Rui Tavares, do partido Livre, se debruçou sobre o antigo secretário-geral do Partido Socialista num artigo publicado no jornal Público.
Tanto Fernanda Câncio como Rui Tavares criticam o facto de José Sócrates ter vivido de aparências, mentindo e enganando o próprio partido e nunca se ter desculpado publicamente por isso mesmo, por viver na "dependência financeira de um empresário".
Recorde-se que José Sócrates anunciou no final da semana passada que iria desfiliar-se do Partido Socialista.