Paris recorda participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial

Paris recordou hoje a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, algo que os franceses continuam a desconhecer, de acordo com os intervenientes num colóquio sobre o Corpo Expedicionário Português em França.

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© Reuters

Lusa
25/11/2017 16:58 ‧ 25/11/2017 por Lusa

País

Câmara Municipal

A constatação foi feita na Câmara Municipal do 14.º bairro de Paris, durante uma conferência intitulada 'Caminho da Memória das Comemorações Centenárias de 1916, 1917, 1918 e 1919 do Corpo Expedicionário Português em França e em Paris', uma iniciativa da Delegação de Paris da Liga dos Combatentes Portugueses.

O historiador Yves Léonard disse à Lusa que hoje "há muitos estudos muito interessantes" sobre a presença dos soldados portugueses nas trincheiras da Flandres, mas sublinhou que os franceses ainda desconhecem a participação lusa na Grande Guerra.

"É importante em França falar sobre este assunto, porque ninguém em França sabe exatamente que Portugal foi um país beligerante durante a Primeira Guerra Mundial ao lado da França", afirmou o autor de "Histoire du Portugal Contemporain" ("História do Portugal Contemporâneo").

A mesma constatação foi feita por Georges Viaud, presidente da delegação parisiense da Liga dos Combatentes, que explicou à Lusa que uma das suas "missões" é "fazer conhecer a História de Portugal aos franceses".

"Uma coisa que eu constatei é que os franceses não conhecem a História de Portugal. Apreciam os portugueses, são gratos pelo trabalho que fazem, pelo espírito dos portugueses, mas não conhecem nada da História de Portugal", afirmou o historiador, precisando que "a intervenção de Portugal era muito conhecida pelos jornais da época, mas depois desapareceu da memória".

O pouco que subsiste, sublinhou o historiador Manuel do Nascimento, é, por exemplo, uma pequena rua chamada "Avenue des Portugais", em Paris, o Monumento aos Mortos da Grande Guerra, em La Couture, assim como o cemitério militar português de Richebourg, no norte de França, com 1.831 campas de soldados lusos, e que é candidato a Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).

O vereador de Paris Hermano Sanches-Ruivo - presidente de honra da Delegação de Paris da Liga dos Combatentes, ao lado de Yves Léonard e do deputado francês Pascal Cherki - adiantou que várias cidades e associações estão a trabalhar para divulgar junto do grande público a presença histórica dos soldados portugueses em França.

"De facto, a participação portuguesa não é conhecida. Lembro-me de um almoço com generais, há seis anos, quando se estava a falar sobre a Primeira Guerra e o Centenário, e eles estavam a descobrir a presença portuguesa", recordou, sublinhando que esse desconhecimento se estende a muitos portugueses que vivem em França.

Hermano Sanches-Ruivo avançou que, esta manhã, houve uma reunião com várias associações, representantes de diferentes cidades e o adido militar junto da Embaixada de Portugal em Paris para preparar o "plano de atividades de 2018", que vai contar com exposições, conferências e a criação de um monumento para "prestar homenagem a todos os [soldados] que não foram sepultados".

Paralelamente ao colóquio, em frente à Câmara Municipal, nas grades do largo Ferdinand Brunot, vários painéis ilustravam o 'Caminho da Memória: o 14.º bairro na guerra de 14', onde se destacavam quatro painéis sobre o Corpo Expedicionário Português, uma exposição inaugurada a 11 de novembro, por ocasião dos 99 anos do Armistício de 1918.

Georges Viaud explicou que os painéis sobre Portugal são um "anúncio para preparar uma exposição sobre o centenário da Batalha de La Lys", em abril do próximo ano, quando vão ser afixados 14 painéis sobre o Corpo Expedicionário Português (CEP), um número simbólico "em referência ao 14.º bairro de Paris e à Guerra de 14".

O também presidente da Sociedade de História e Arqueologia do 14.° bairro de Paris lembrou que Adriano de Sousa Lopes, o pintor oficial do CEP, viveu neste bairro e foi aqui que "se tornou num pintor naturalista-moderno".

 

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