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Há super-heróis a morar em Lisboa. 'Vizinhos amigáveis' ao virar esquina

Os filmes da Marvel e da DC e muitas das séries que têm cativado o público nacional mudaram o panorama. O nicho chegou ao fim e há novas gerações a serem conquistadas pelo universo dos comics e a conhecerem o que de bom o manga e a anime têm para oferecer. Há duas lojas em Lisboa que atestam bem isso.

Notícias ao Minuto

08:38 - 24/09/17 por Fábio Nunes

País Banda Desenhada

Para quem gosta de tudo o que está ligado ao universo de comics, manga e anime, lojas como a BD Mania e a Hyper Toys são o paraíso na terra. Entrar numa destas lojas e observar tudo o que está exposto é o suficiente para deixar qualquer fã e apreciador com um sorriso largo na cara. Mas também o suficiente para espantar quem não tem uma ligação tão próxima com este universo.

A BD Mania com os comics, principalmente, e a Hyper Toys, com as figuras e as estátuas, são duas das lojas representativas de um universo que está em crescimento. Muito por culpa dos filmes que nos últimos anos têm estreado nos cinemas e que têm conquistado novas gerações. Como Humberto Marques, proprietário da Hyper Toys, realça ao Notícias ao Minuto, o dedo da Disney tem neste crescimento um papel fundamental. Mas já lá iremos.

Em Lisboa, não há tantas lojas de comics ou de figuras quanto isso. Têm aumentado mas ainda são poucas. Ao longo das últimas duas, três décadas algumas fecharam. É por isso que a BD Mania assume um papel de destaque ímpar.

Quem gosta de comics já ouviu falar na BD Mania. A BD Mania iniciou o seu percurso há 25 anos. Começou num apartamento da Rua Gomes Freire.

“Os clientes sabiam de nós pelo boca-a-boca. Através de colegas de escola, colegas de trabalho. Também fomos ficando conhecidos porque íamos aos salões de banda desenhada da Amadora”, conta Nuno Rodrigues, um dos livreiros da BD Mania.

A loja passou depois pelos Olivais e teve um espaço no Cinema Londres, até se instalar na Rua das Flores, onde já está há cerca de 20 anos. O país viveu crises mas a BD Mania teve a capacidade de as superar.

Notícias ao Minuto[A BD Mania, um espaço incontornável para quem gosta de comics em Lisboa]© BD Mania

Eles estiveram no início e sabem o que os primeiros clientes queriam e quais as suas influências.

Os primeiros clientes vinham da banda desenhada brasileira e também dos franco-belgas. Tínhamos muita coisa importada de França. Também tínhamos muito pessoal que vinha do cinema, que gostavam de Star Wars, Star Trek, X-Files, Twin Peaks. Na altura eram as novas séries, que todos viam e falavam”, explica Nuno Rodrigues.

O gosto foi-se apurando e desenvolveu-se. “Depois à medida que o universo foi aumentando, foi-se diversificando. Temos os miúdos do manga, há os clientes só de super-heróis. Há dos independentes. Há os pequenos nichos que se vão formando. Há os clientes dos filmes. Veem o filme e querem o ‘Deadpool’ ou então o ‘Homem-Aranha’. É assim um loop. Nós temos de andar atrás deles, a seguir os picos”, diz o livreio da icónica loja.

Alguns destes clientes do ‘hype’ desaparecem. Mas os regulares mantêm-se sempre fiéis. “Os regulares têm uma assinatura, uma standing order, vêm cá todos os meses. Compram os seus livros por título, por autor ou desenhador. Temos aqui um mosaico grande de clientes”, revela Nuno Rodrigues.

Sem surpresa Marvel e DC dominam as vendas da BD Mania. Mas Nuno Rodrigues e Vasco Lopes, outro dos livreiros da BD Mania, destacam o crescimento que a Image tem registado.

Entre figuras e estátuas

Chegada ao mercado há quase três anos, a Hyper Toys veio preencher uma lacuna ao nível das figuras e estátuas de personagens de comics e de manga. Não é que antes já não existissem lojas que tivessem figuras destas, a BD Mania também as tem, por exemplo, mas a Hyper Toys faz desse o seu 'core' e atingiu um nível à parte.

Humberto Marques, o dono da loja, sempre teve esta paixão pelo universo da bd, do anime. Um dia passou junto a um espaço que pertencia à empresa de construção da família e pensou que deveria abrir uma loja neste negócio das figuras e das estátuas.

Quando a loja abriu, o stock estava bem longe daquele que possui atualmente. “Abri a loja com um stock que não é um quinto de tudo aquilo que encomendo agora num mês”, refere Humberto Marques. A loja começou por ter apenas um piso, mas o responsável sentiu a necessidade de abrir um segundo piso no Natal passado. “Estava sem espaço. E mal abri o piso de cima a loja teve um ‘boom’ gigante”.

Notícias ao Minuto[O interior da Hyper Toys. O sonho dos colecionadores]© Hyper Toys

Quem vai à Hyper Toys encontra figuras e estátuas de todo o tipo de tamanhos. O caminho não foi fácil e demorou até que Humberto conseguisse estabelecer as parcerias necessárias com os fornecedores que queria.

“Já tenho as marcas principais, arranjei uma marca de estátuas de Singapura da qual tenho a exclusividade em Portugal. Tenho uma marca do Luxemburgo. Foi extremamente difícil estabelecer condições numa base regular com eles mas já consegui”, conta o responsável.

Quando estão em jogo edições de figuras limitadas é preciso fazer as encomendas bastante mais cedo. “Temos de encomendar logo. Já tenho estátuas encomendadas para o início de 2019. Um ano, um ano e meio. Já as tenho compradas e muitas delas ainda sem ter compradores”, diz.

A Disney entra em cena e acaba com o nicho

Para o responsável já não se pode falar de um nicho neste universo dos comics, manga e anime. Os filmes de super-heróis estão com maior frequência nos cinemas e conquistaram novas gerações.

Um fenómeno ao qual não terá escapado a aquisição da Marvel e da Lucasfilm por parte da Disney. “Todo o conceito da Disney é captar os mais pequenos. Quando pegam no ‘Force Awakens’ eles tentam ir buscar um público mais novo. A Disney levou isto que estava limitado a pessoas mais velhas e os miúdos estão agora a ver ‘Star Wars’”, afirma Humberto Marques. O mesmo passou-se com a Marvel.

Nuno Rodrigues concorda com o papel que os filmes têm tido no aumento de apreciadores deste universo. “Para muitos novos clientes o primeiro contacto com os comics começou no cinema. Depois é que vêm para o comic físico ou para o merchandise”.

E desengane-se quem pensar que estas lojas não estão ao nível de outras lojas em países com mercados maiores. “Os clientes estrangeiros entram na loja e ficam deslumbrados e dizem ‘quem me dera que tivesse uma loja assim em Madrid, em Paris’ porque é diferente, porque eles têm uma cultura muito superior à nossa, mas diferente. Em termos de loja acho que conseguimos ombrear com as lá de fora”, destaca Nuno Rodrigues.

Há estrangeiros que vêm à loja e que ficam malucos porque temos aqui peças que estão esgotadas nos países deles”, faz sobressair Humberto Marques.

Notícias ao Minuto[A estátua mais cara vendida na Hyper Toys custou 12 mil euros ao colecionador]© Hyper Toys

O contacto com os clientes nestas lojas também é diferente. “Este é o cantinho deles. As pessoas não têm noção. Por vezes a loja fecha e eu fico aqui a falar com os clientes até às 22h”, conta Humberto Marques.

E o gosto e o conhecimento cruzam-se. “Sem dizer muito conseguimos chegar com 95% de correção ao que o cliente está à procura”, afirma Nuno Rodrigues.

Com mais de duas décadas de história, a BD Mania procura manter-se como está nos próximos anos. Já a Hyper Toys tem outros planos. O site da loja está quase a ficar pronto e o espaço físico também vai mudar.

A loja vai aumentar novamente ainda aqui. Mas já ha um plano em cima da mesa, com outras pessoas que se chegaram à frente, para ter um espaço com dois mil metros quadrados, já para ir buscar outras coisas e talvez até ser uma loja/museu”, adianta Humberto Marques.

Nestes dois espaços os super-heróis dominam e os clientes são transportados para os universos das personagens que conhecem e que adoram. Dois cantinhos que fazem a ode aos super-heróis, feitos por super-heróis e para super-heróis. Há um dentro de cada um de nós.

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