Precisamente 99.687 matrículas (4.989 delas de Espanha), 9.857 anedotas, 257 mil referências de peças de automóvel, 1.589 músicas. Os números são, como o próprio diz, “exuberantes”, e retratam a vida e a memória de Filipe Silva, português. de 37 anos. que não para de acrescentar números à sua memória.
Aliás, o número de matrículas decoradas até aumentou durante a conversa do Notícias ao Minuto com Filipe, pois o sobredotado juntou mais uma placa de identificação aos seus conhecimentos e garantiu que já não é possível esquecer.
Na sua juventude, Filipe decorou a tabuada toda em 57 segundos, fez o exame de código em 1 minuto e 29 segundos e tirou a carta em 11 dias. “Não foi mau”, realça entre risos de orgulho.
Mas andemos 13 anos para trás, altura em que, no verão de 2004, o português tornou o seu dom público. Foi ao som de ‘Summer Jam’, da banda The Underdog Project, que tudo aconteceu. O DJ daquela noite baixou o som e alertou os clientes para a existência de um carro mal estacionado. À terceira tentativa e sem que ninguém se preocupasse, Filipe dirigiu-se a uma senhora e disse-lhe “o carro com a matrícula x pertence-lhe e está a estorvar”.
O homem sabia a matrícula, o modelo do carro, o número de lugares, de portas, e até o mês e o ano da viatura. A informação deixou todos estupefactos e havia mais, muito mais. Filipe sabia as matrículas das viaturas dos cerca de 700 clientes que costumavam frequentar o local e, nesse momento, já tinha decorado mais de sete mil matrículas.
“Não tenho truque nenhum, é-me dada a informação, o meu cérebro certifica-se se de que a matrícula está bem e decoro. Não preciso de ver”, garantiu ao Notícias ao Minuto, assumindo que nunca estudou muito por ser “preguiçoso”.
A trabalhar na oficina do pai, em Santo Tirso, Filipe não fecha portas a novas oportunidades e admite que não diria que não a uma oferta de trabalho, principalmente se fosse relacionada com viaturas.
Neste momento é detentor de três recordes do Guinness, o último com 28 mil matrículas e está à espera de que apareça alguém à altura do seu dom. “O recorde a nível mundial é meu. Para já o único caso idêntico ao meu foi um que decorou 12 páginas da lista telefónica”, algo que não ‘mete medo’ a Filipe.
“O meu é um caso curioso, inédito. Basta ver uma vez e nunca mais me esqueço e esse é o facto mais curioso”, diz, longe de se mostrar preocupado com a opinião dos outros.