Assim que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) anunciou que ia haver um novo Programa de Matemática para o Ensino Básico (PMEB), professores e associações que representam os matemáticos criticaram a opção, lembrando que o programa existente estava em vigor apenas desde 2007.
Para os professores de matemática, o MEC deveria ter optado por avaliar e melhorar o existente, que só este ano começou a ser dado aos alunos do 9º ano, em vez de criar novos.
No entanto, em declarações à agência Lusa um dos autores do PMEB, o professor Carlos Grosso, recusou a ideia de se tratar de um "novo" programa, uma vez que "em termos de conteúdo é muito semelhante ao que existia".
Segundo o autor, as mudanças foram sobretudo a nível de organização: algumas matérias desapareceram (como as estimativas) e outras foram mudadas de anos de escolaridade (as translações e probabilidades passaram do 1º para o 3º ciclo).
As opiniões sobre o efeito do novo programa nos alunos também são divergentes: a Sociedade Portuguesa de Matemática considera que será "benéfico" para os estudantes porque vai aumentar a exigência, ao passo que a Associação de Professores de Matemática (APM) diz que representa "um retrocesso de 40 anos no ensino da disciplina" que terá efeitos negativos na aprendizagem.
Para a APM, o programa apresenta "deficiências graves ao nível da sua estrutura e lógica global, ao nível pedagógico e didático e o nível dos conteúdos programáticos".
Coordenadores da disciplina em escolas com bons e maus resultados nos exames nacionais consideram que o programa é desadequado à idade dos alunos e poderá afastá-los da disciplina, uma vez que nem todos terão capacidade para perceber o que lhes é pedido.