"Já não sei ser português. Europeu de Futebol, Festival da Eurovisão... tudo o que tinha como garantido deixa de fazer sentido. Fui ensinado a sofrer, fui ensinado a perder. Era garantindo que quando se iniciava um campeonato europeu de futebol se iniciava uma contagem decrescente até uma choradeira coletiva (...)", começa por desabafar o humorista Diogo Batáguas, lembrando a "expetativa exagerada" da "geração de ouro" do tempo de Figo. E para quê? "Para que a dor fosse ainda mais insuportável na hora da inevitável derrota", responde.
"O português sofre sempre muito mais do que o necessário. Foi isso que nos ensinaram. (...) é disso que nós somos feitos. A dor é o nosso material genético", continua, no mesmo registo irónico. "Eramos os melhores do mundo a sofrer e agora ganhamos coisas. O que vem a ser isto?", pergunta, com profunda mágoa (humorística).
Batáguas, que "ainda é do tempo em que ganhar um mundialito de futebol na praia da Figueira da Foz já era bom", lembra o "pontapé ao calhas" de Éder e o "badameco a cantar sozinho" [Salvador] e questiona, a propósito dessas vitórias: "Somos o quê? Um povo feliz? Era o que faltava. Daqui para a frente vamos fazer o quê? Sorrir? Não faz sentido", diz ainda, culpando Salvador Sobral de ter "estragado Portugal".
O vídeo, publicado no domingo passado, um dia após Salvador ter arrecadado o prémio na Eurovisão, conta já com mais de 60 mil visualizações.