Numa nota de pesar publicada no portal na Internet da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa destaca as várias facetas de Mário Contumélias, como "escritor, poeta, académico, jornalista e formador de jornalistas", para considerar que "deixou marca em sucessivas gerações de aluno" e que se soube mover "com igual agilidade no mundo artístico e da comunicação social, onde foi de sindicalista a fundador".
Marcelo Rebelo de Sousa afirma ainda que Contumélias deixa "memórias que o país recorda com carinho" e termina a nota a enviar os "sentidos pêsames" à família.
Jornalista, poeta e escritor, Mário Contumélias também era investigador, sociólogo, pedagogo e autor de canções como "Largo do Coreto", que José Cid levou ao Festival da Canção em 1978.
Escreveu ainda a letra da canção "O Areias é um camelo", celebrizada por Suzy Paula.
Nascido em Setúbal, em 03 de junho de 1948, licenciou-se em Antropologia Social, pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE/Instituto Universitário de Lisboa), e doutorou-se em Sociologia da Cultura e da Comunicação em 2009, quando apresentou, no ISCTE, a tese intitulada "Uma aldeia na cidade: Telheiras, o que é hoje e como se produz um bairro".
A carreira jornalística iniciou-a em O Século, onde fez parte da equipa que editou a revista Cinéfilo. De O Século transitou para o Diário de Notícias, onde foi Grande Repórter.
Foi ainda chefe de redação do Correio da Manhã e fundador da segunda fase de O Século.
Entre 1975 e 1976, foi presidente do Sindicato de Jornalistas. Em 1989, deixou as redações, tendo-se dedicado ao ensino de jornalismo e tornando-se assessor técnico de formação e formador do Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (Cenjor), onde foi também coordenador pedagógico de Curso de Formação Geral em Jornalismo, durante cerca de 20 anos.
Também fundou e dirigiu empresas da comunicação, como Mediática e Idade Média.
Em 1999, Mário Manuel da Silva Contumélias deixou a vida empresarial para se dedicar em exclusivo ao ensino da sociologia e antropologia, tendo lecionado, até final de 2010, após o que passou a dedicar-se por inteiro à investigação em Ciências Sociais e às escritas documental e ficcional.
Entre os cantores que gravaram e interpretaram canções de sua autoria contam-se José Cid, Florência, Teresa Silva Carvalho, Bric-à-Brac, Broa de Mel, Manuel José Soares e Zélia.
Como autor de canções, foi seis vezes finalista do Festival RTP da Canção e de um da OTI.
"O Comboio do Tua", interpretado por Florência, em 1979, "Concerto Maior", com voz de Manuel José Soares, em 1980, "Agosto em Lisboa", interpretado por Zélia, em 1980, e "Daqui Deste País", cantado em 1981, pelos Bric-à-Brac, foram algumas das canções que apresentou a festivais da canção.
Mário Contumélias é autor de 29 livros, repartidos pelos géneros de poesia, literatura infantil, ficção, jornalismo e investigação em sociologia, entre outras áreas.
Entre os títulos de obras literárias publicadas por Mário Contumélias contam-se "Uma Mão Cheia de Histórias" (1985), "O Ofício das Coisas" (1986), "Contos da Gaivota Barriguda" (1987), "O Pai Natal Aprendiz" (1988), "Versinhos de Brincar" (1988), "Conversas à Quinta-Feira" (1991), "Só as Emoções" (2008), "A Explicação do Sol" (2008), "Polícias à Portuguesa "(2008) e "Polícias à Portuguesa: Take 2" (2011).
No ano passado publicou o seu último livro, a obra de poesia "Sobre Pequenas Coisas".
O jornalista Mário Contumélias morreu na quinta-feira, em sua casa, em Lisboa, vítima de doença prolongada, disse hoje à agência Lusa fonte da família.
O funeral será hoje no cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.