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Jovens enfrentam futuro de "incertezas" com precariedade e digitalização

O presidente da Comissão de Juventude da UGT destacou hoje os "muitos desafios" enfrentados pelos jovens à escala europeia, num contexto de incertezas dominado pela "precariedade", "fracos vínculos" laborais, "digitalização" e "robotização" da economia.

Jovens enfrentam futuro de "incertezas" com precariedade e digitalização
Notícias ao Minuto

16:00 - 24/03/17 por Lusa

País UGT

Falando na sessão de abertura do seminário internacional 'Que Desafios para o Movimento Sindical à Escala Global' - organizado hoje no Porto no âmbito do XIII congresso da UGT, que decorre sábado e domingo naquela cidade - Bruno Teixeira abriu a sessão sobre 'Os Desafios do Emprego Jovem' salientando que "as questões da juventude" e os desafios que se colocam ao emprego jovem "são prioritárias" para a central sindical.

Destacando entre as "várias incertezas" que se colocam aos jovens a nível laboral as relacionadas com o avanço da "digitalização" e da "robotização", Bruno Teixeira apontou os "cinco milhões nos postos de trabalho" que se prevê que "estas transformações" venham a eliminar "nos próximos anos".

A estes fatores acresce o necessário debate sobre "o que fazer" relativamente ao financiamento da Segurança Social e à representatividade do movimento sindical quando há "menos trabalhadores no ativo".

Na sua intervenção no seminário, o consultor da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) Ben Egan disse que apesar de a Europa ter "finalmente" regressado ao crescimento económico, este é ainda "modesto e muito abaixo dos níveis pré-crise em muitos países", onde prevalecem "taxas de desemprego muito altas".

Por outro lado, referiu, o desemprego de longa duração "está a colocar-se como uma questão específica e mais estrutural", tendo as políticas laborais ativas sido "vítimas da austeridade" e assistindo-se a um crescimento do "emprego não estandardizado" e às "ameaças" da digitalização e da automação, num contexto em que "a qualidade do emprego não é prioridade" na União Europeia (UE).

Para Ben Egan, esta é uma situação "criada não pela crise, mas pelas respostas dadas à crise, que levaram a um aumento da precariedade e a uma redução do emprego".

Numa altura em que se vive um "momento crucial" na UE, sendo disso exemplo o recente lançamento de um livro branco sobre 'O Futuro da Europa', o consultor da CES defende como "prioridades para o emprego" a aposta em "dar segurança aos mercados de trabalho", criando "empregos de qualidade" com "bons salários, segurança no trabalho, equilíbrio trabalho/vida privada, carga horária adequada, acesso a formação e reconhecimento de direitos sindicais".

Sustentando que "na Comissão Europeia ainda vigora a ideia que qualquer trabalho é melhor do que nenhum", Ben Egan considera que "o fraco compromisso nesta área a nível europeu" continua "a ser um desafio", assim como a implementação de reformas estruturais na área do emprego e na garantia do papel dos sindicatos.

O presidente do Comité Jovem da CES, Tom Vrijens, notou por sua vez que a recente redução da taxa de desemprego jovem na UE para a taxa média de 20% deixou "os responsáveis europeus muito contentes", mas "não é assim um tão bom número", até porque traduz grandes divergências entre países, com níveis que atingem os 40% em Espanha e na Grécia, por exemplo.

"Vinte por cento de desemprego jovem significa que na Europa há 20% de jovens que correm o risco de viver em condições de pobreza, por isso não é assim um tão bom número", afirmou, acrescentando que muitas vezes "há ofertas de trabalho, mas não são emprego de qualidade".

Recordando ter já passado em Portugal o "tempo do pleno emprego", Carlos Moreira, da Comissão de Juventude da UGT, diz que cabe aquela central sindical "combater a ideia" vigente de que "qualquer emprego é melhor do que não ter emprego".

"Um jovem licenciado, quando entra hoje no mercado trabalho, recebe menos 20% que há 20 anos, trabalha em média mais horas que seus colegas mais velhos e tem que ter muito mais flexibilidade e adaptabilidade nas suas funções. Mesmo profissões que tinham empregabilidade garantida e pleno emprego, como medicina, já não o têm", sustentou, apontando "a negociação, mas se for preciso também a contestação na rua", como formas de luta por melhores condições laborais.

Já a presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, destacou, no final da manhã de trabalhos, o atual "desafio" de "como movimentar mais jovens para o movimento sindical": "Hoje os jovens estão a aderir cada vez mais, mas não chega, porque eles são os construtores do futuro do país e do futuro a nível global. É preciso levar os jovens a acreditar que é possível uma sociedade melhor, mas que isso depende de como o movimento sindical se posiciona e de como se faz o encontro de gerações", concluiu.

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