Quando a porta da exposição mundial de Lisboa, inaugurada a 22 de maio de 1998, se fechou, em setembro do mesmo ano, iniciaram-se os trabalhos de desmontagem dos pavilhões. As peças expostas regressaram aos respetivos países e algumas -- poucas - ainda estão patentes na zona de Lisboa.
A fachada do Pavilhão de Macau, uma réplica da fachada da Igreja de S. Paulo, foi cedida à Câmara de Loures e está no Parque da Cidade.
A autarquia construiu entretanto um edifício atrás da fachada que alberga uma sala de exposições, posto de turismo, gabinete da juventude e outros serviços.
Caso inédito foi o que sucedeu com o Pavilhão da China: um particular -- um chinês residente em Portugal - adquiriu várias peças, incluindo a fachada.
O empresário Jiang Chen, atualmente a residir na China, colocou a fachada junto a um armazém de revenda que tem no Porto Alto, no concelho de Benavente, onde tem também quatro leões chineses e uma representação da Muralha da China.
Contactado pela Lusa, Jiang Chen disse ter ainda um barco chinês e que comprou os artigos por gosto e por a Expo'98 "se realizar apenas uma vez na vida". Lamentou, contudo, que a fachada que tem à entrada do armazém de revenda se esteja a deteriorar.
"É uma pena que seja feita em madeira. Não dura muito tempo e a sua recuperação é muito difícil", afirmou.
Fonte da Parque Expo (sociedade criada para gerir o espaço) explicou à Lusa que Macau e China estiveram entre os poucos países autorizados a ter um "extra" na fachada dos pavilhões: "Os restantes tinham a bandeira do país".
O Pavilhão da Água foi desmontado e remontado junto à sede da empresa Unicer, no Porto.
Da Expo'98 permanecem no Parque das Nações os edifícios do Oceanário, do Teatro Camões, do Pavilhão do Conhecimento -- Ciência Viva (que era o do Conhecimento dos Mares), do Atlântico (também designado Pavilhão da Utopia e recentemente rebatizado Meo Arena) e do casino de Lisboa (era o pavilhão do Futuro).
A Torre Vasco da Gama, que foi um restaurante durante a exposição, é agora um hotel, e permanecem também no local o teleférico, os vulcões de água (nos quais a água corre já de forma diferente, sem 'erupções') e o ex-líbris da exposição - o Pavilhão de Portugal, desenhado pelo premiado arquiteto Siza Vieira --, que ao longo dos anos recebeu alguns eventos, mas ainda não tem futuro definido.
"O Oceanário tem uma média de um milhão de visitantes por ano. Ainda hoje é o pavilhão mais visitado. Na Expo teve três milhões de visitantes", indicou a fonte da Parque Expo.
Quanto ao Pavilhão de Portugal, disse estar "bom e de saúde" e que recebe "várias atividades" desde que foi concessionado ao Pavilhão Atlântico, devendo manter-se até ao final do ano nesse "campo de atividade comercial".
A mesma fonte disse que há "uma estratégia a ser delineada para o pôr à disposição de todos" porque "é um edifício emblemático e tem de se pensar no que será melhor para a cidade e para os portugueses".
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações disse que o Pavilhão de Portugal "é um grande problema".
"Tem estado abandonado estes anos todos, sem ninguém saber o que fazer dele. Era para ser a sede da presidência do Conselho de Ministros, mas abandonaram essa possibilidade. Tem-se falado de muitas coisas, mas nada se tem conceptualizado", afirmou José Moreno, defendendo que se instale ali a futura sede da nova freguesia do Parque das Nações.
"É central, tem boas acessibilidades, transportes públicos. Também tem onde se estacionar, reúne todas as condições", afirmou.
A Expo'98 decorreu entre 22 de maio e 30 de setembro de 1998, teve como tema "O Futuro dos Oceanos" e foi visitada por 9.637.451 pessoas. Só no último dia da exposição, visitaram o recinto 200 mil pessoas.
MCL // ROC
Noticias Ao Minuto/Lusa