Depois de uma hora e meia de encontro, pela primeira vez na história da organização os 15 embaixadores dos países com assento no Conselho de Segurança falaram aos jornalistas para anunciar o nome do português que recolheu 13 votos de encorajamento e duas abstenções.

"Senhoras e senhores, estão a testemunhar uma cena histórica. Nunca foi feito desta forma. Este foi um processo de seleção muito importante", disse o embaixador russo e presidente do Conselho de Segurança Vitaly Churkin.

"Hoje, depois da nossa sexta votação, temos um favorito claro e o seu nome é António Guterres. Decidimos avançar para um voto formal amanhã de manhã [quinta-feira] e esperamos fazê-lo por aclamação", disse o embaixador russo e presidente do Conselho de Segurança Vitaly Churkin.

Já a embaixadora dos Estados Unidos, Samantha Powell, disse que "as pessoas queriam unir-se em volta de uma pessoa que impressionou ao longo de todo o processo e impressionou a vários níveis de serviço".

Em Portugal, as reações sucederam-se, em dia de comemoração da implantação da República.

O Presidente da República telefonou a Guterres pouco depois da votação, e minutos depois disse aos jornalistas: "Aqui é o melhor a ser escolhido. E isso é muito bom para o mundo, para as Nações Unidas e para Portugal."

Para Marcelo Rebelo de Sousa, houve o reconhecimento do mérito do candidato e da "posição de Portugal no mundo", de diálogo e de "fazer pontes".

Já o primeiro-ministro, António Costa, reagiu "com um enorme orgulho" à escolha do ex-primeiro-ministro.

"Como cidadão do mundo, [reajo] com uma enorme satisfação, porque tudo indica que vamos ter a pessoa certa no lugar certo", disse.

E o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, congratulou-se com esta vitória no Conselho de Segurança das Nações Unidas e garantiu que será um "secretário-geral que representa todos os 193 países" da organização.

Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, considerou que Guterres vai ser "certamente um secretário-geral da ONU à altura da complexidade dos problemas do mundo atual".

"É com enorme satisfação que tomei conhecimento da votação que hoje terminou com a quase certeza que António Guterres será o próximo secretário-geral das Nações Unidas", referiu Ferro Rodrigues, numa nota enviada à Lusa.

António Manuel de Oliveira Guterres, 67 anos, foi líder do PS de 1992 a 2002, primeiro-ministro português de 1995 a 2002 e durante uma década (2005-2015) foi Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Entre os partidos, o aplauso também foi unânime.

Pelo PSD, Pedro Passos Coelho considerou que a eleição de António Guterres no Conselho de Segurança "é histórico para Portugal", sublinhando o papel que o Governo e a diplomacia portuguesa desempenharam no processo.

Já o CDS, através de sua presidente, Assunção Cristas definiu a escolha de Guterres para a liderança das Nações Unidas como uma vitória pessoal e da diplomacia portuguesa que "honra muito Portugal".

Ângelo Alves, dirigente do PCP, considerou que foi dado "um passo importante e quase decisivo" para a eleição de António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas e defendeu ser necessário contrariar a "linha de instrumentalização" da ONUI que tem sido seguida.

E pelo Bloco de Esquerda, coordenadora, Catarina Martins, sublinhou que as Nações Unidas mostraram-se imunes a "manobras mais ou menos estranhas" na eleição do seu líder, elogiando a candidatura de António Guterres.

Além fronteiras, todos os candidatos ao lugar felicitaram Guterres, entre eles Kristalina Georgieva, que entrou na corrida a secretária-geral apenas na semana passada, que deu os parabéns ao português e desejou "a melhor das sortes na procura de uma agenda ambiciosa para a ONU".