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"Tive sorte, podia ter acabado mal". A batalha dos ciclistas

Vitor Rosa é apenas mais um ciclista que optou por este meio de transporte para se conseguir deslocar. Apesar de sentir que “existe cada vez mais respeito”, sente que ainda “está longe do necessário” para que se “consiga circular em segurança”.

"Tive sorte, podia ter acabado mal". A batalha dos ciclistas
Notícias ao Minuto

09:00 - 08/10/16 por Inês Esparteiro Araújo e Pedro Filipe Pina

País Vítor Rosa

O que configura crime parece ser ainda uma espécie de mistério para muitos, mas tal como informou a PSP ao Notícias ao Minuto “é crime um atropelamento ou por exemplo, a omissão de auxílio”. Todas as restantes ações – que parecem ser cada vez mais comuns acontecer contra ciclistas, como é o caso de 'cuspidelas' ou empurrões – configuram atos ilegais e puníveis (falamos aqui de injúrias ou ameaças), sendo que isso pode acontecer também entre dois veículos no trânsito.

Apesar de os selins se estarem a tornar mais comuns nas estradas portuguesas, há casos que estão a chocar e a suscitar indignação geral. É o caso de Vitor Rosa, que sentiu na pele o preconceito por ser um ciclista.

“Na Marginal, concretamente na curva do Mónaco, estava a regressar do trabalho e fui ultrapassado por um carro cuja passageira colocou a mão de fora da janela e empurrou-me intencionalmente contra o passeio”, contou. “Felizmente não caí, mas fiquei chocado com aquele ato voluntário e criminoso daquela jovem inconsciente, cujo único argumento (que me fez questão de gritar) era que ‘Aquele não era o meu lugar!’".

De facto, como Mário Alves – da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta – já tinha confirmado ao Notícias ao Minuto, o “fórum” da MUBI “recebe com frequência relatos de ‘tangentes’”, disse-nos.

Vítor apresentou queixa às autoridades competentes, mas como no momento insólito ficou “tão perplexo” que não conseguiu “registar a matrícula”, nem conseguiu “reunir testemunhas”, não foi possível avançar com o processo. “As câmaras das Estradas de Portugal que estão colocadas servem apenas para ‘streaming’ em tempo real e nada fica armazenado”, explicou.

Com mudanças positivas a ter em conta – note-se o exemplo de Amesterdão (Holanda) – em Portugal, o caminho para quem opta pelas estradas apenas com a força das suas pernas, parece ainda ser longo. “As últimas alterações foram positivas. Mas ainda estamos muito longe. Não devem ser as leis que mudam mentalidades, mas sim as mentalidades que devem mudar as leis. A história da cidade de Amesterdão prova-nos isso mesmo”, relembrou Vitor.

Tenha o ciclista seguro ou não, muitas vezes o poder da decisão sobre desfechos menos felizes parece estar mais do lado da pessoa que está dentro de um automóvel. E apesar de se notar “mais respeito”, está “ainda longe do necessário para que todos os utilizadores dos 8 aos 80 anos possam circular em segurança”.

Respeito e cidadania, parecem ser as palavras chave para reinar a harmonia nas estradas portuguesas.

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