A comparação é um dos muitos dados do novo projeto digital da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que hoje apresentou o Portugal Desigual, um portal na internet dividido em quatro grandes questões, com estatísticas e gráficos interativos.
A comparação entre uma família portuguesa pobre e outra norueguesa pobre mostra por exemplo que 04% dos portugueses não consegue assegurar duas vezes por semana uma refeição com carne, peixe ou equivalente vegetariano, um número que desce para 1,7% na Dinamarca.
E mostra mais: o risco de pobreza de um agregado familiar português com dois adultos e três ou mais crianças é de 38,4 por cento. Na Dinamarca o risco de pobreza para o mesmo agregado é de 12,4 por cento.
O projeto Portugal Desigual pretende mostrar quem perdeu mais nos últimos anos de crise (os mais pobres, segundo os dados estatísticos) e faz através dos números uma análise, desde 2009 até agora, da situação económica e social do país.
Permite saber, por exemplo, quanto perderam com a crise as pessoas com um determinado nível de rendimento ou de instrução ou com uma determinada idade, e permite testar se um utilizador, tendo em conta as despesas, consegue viver com o salário mínimo.
A nova página tem um glossário e explica conceitos como a diferença entre desigualdade e pobreza, a intensidade da pobreza, ou o que é viver em privação material severa.
E mostra através dos números quais foram as grandes alterações na vida das pessoas na sequência da crise. Uma delas a de que entre 2009 e 2014 os rendimentos dos portugueses tiveram uma quebra de 12%, o equivalente a 116 euros por mês.
Em 2006 o rendimento médio de uma família era de 931,41 euros, tendo chegado aos 948,58 em 2009. Em 2011 estava nos 875,75 euros.
De 2009 para 2014 aumentaram em 116.000 o número de pobres, classe que foi mais duramente atingida pela crise. Dizem os números que nesse período os 10% mais pobres perderam 25 por cento dos rendimentos e os ricos menos de metade disso, apenas 13%.