"O tema nuclear e transversal às obras escolhidas tem como denominador comum a liberdade ou a sua falta, dentro dos muros de uma prisão ou num estado policial com total ausência de liberdades cívicas, políticas e individuais", assinala o jornalista, num comunicado enviado à Lusa.
O ciclo de cinema vai decorrer na biblioteca do estabelecimento até quinta-feira.
"A cultura será uma ponte para a outra margem e o cinema enquanto manifestação artística constituirá um meio de reflexão, fruição e descoberta", contextualiza Manuel Vitorino.
Explica-se ainda no comunicado que, "tendo como fio condutor o tema da liberdade", os três filmes selecionados "revelam três momentos precisos e vividos em contextos históricos e sociais diferentes".
O ciclo incluirá três filmes, sendo o primeiro de Paolo e Vittorio Taviani - Deve Morrer", de 2012.
Esta película baseia-se na peça "Júlio César", de Shakespeare, foi filmada numa cadeia e toda a comunidade prisional foi sensibilizada e envolvida a participar no elenco.
"Taxi", do iraniano Jafar Panahi, de 2015, vencedor do Urso de Ouro de Berlim, é o segundo filme a ser projetado, revelando, segundo o jornalista, "um país onde a liberdade é rigorosamente vigiada e todo e qualquer atropelo às leis decretadas pelo governo de Teerão são punidas severamente, umas vezes com a prisão, outras com o assassínio cometido em nome dos superiores interesses da nação".
O terceiro filme do ciclo chama-se "Roma" e é do italiano Federico Fellini, de 1972.
A propósito da oportunidade desta atividade no estabelecimento prisional, o promotor explica: "Num Estado de direito os organismos que tutelam a administração da justiça têm o dever de incentivar os reclusos à reinserção social e tudo fazer para que o cárcere seja, também, uma janela de oportunidades, aprendizagem e novas práticas com vista ao conhecimento e enriquecimento individual".
Manuel Vitorino tem com objetivo alargar o projeto a outros estabelecimentos prisionais em Portugal.