Celebra-se este domingo a Páscoa, dia que assinala a ressurreição de Jesus Cristo. Sendo uma data católica, não é de admirar que a ela estejam associadas diversas tradições que remontam a um passado longínquo e que, em muitos pontos do país, se mantém ainda hoje intacta.
Embora, sobretudo nas grandes cidades e junto da maioria das jovens, as tradições tendam a desvanecer, há zonas onde estas se mantêm bem intrínsecas na identidade e nos costumes dos seus habitantes e que de ano para ano continuam a marcar esta data em Portugal.
Conheça (ou recorde) algumas delas.
Compasso
O Compasso consiste “na visita pascal realizada com a Cruz – o crucifixo – transportada pelo ‘mordomo’ de casa a casa”, conta-nos Margarida Dantas.
“O mordomo ou o padre entra nas casas, abençoa a casa e todas as pessoas que nela moram e depois dão a beijar a todas as pessoas que ali se encontram o crucifixo”, acrescenta Margarida, que vive em Lama, freguesia pertencente ao concelho de Barcelos.
Em cada casa a mesa é posta a rigor para que após a cerimónia de bênção todos se possam reunir para “conversar e relembrar histórias antigas”.
Embora a tradição se mantenha com “menos intensidade e menos mística”, Margarida conta que como há cada vez mais casas na freguesia, muitas vezes o “domingo só não chega e então continua a visita pascal na segunda-feira. Por isso é que, no Norte, se faz a troca do feriado de sexta-feira Santa pela segunda-feira de Páscoa”.
Jejum
Depois dos excessos cometidos no Carnaval, a Quaresma era considerada um período onde se devia manter o jejum e abstinência de certos alimentos. A carne era o principal.
Numa aldeia recôndita, perto de Abrantes, a tradição mantém-se até aos dias de hoje. Todas as sextas-feiras, entre o Carnaval e a Páscoa é expressamente proibido colocar alimentos como fiambre, presunto ou carne à mesa.
“Quem queria comer carne pagava uma licença ao padre da freguesia. Chamava-se a bula. E assim já podiam comer carne durante alguns dias”, conta ao Notícias Ao Minuto, Luís Serras.
Este habitante da aldeia de Água das Casas conta ainda que dançar no período da Quaresma era proibido, à exceção “do dia de entrudo e da Páscoa”.
Hoje em dia, a tradição já foi um pouco alterada, sobretudo “pelas pessoas da terra que entretanto foram viver para Lisboa”.
Folar
O folar designava, antigamente, o bolo típico da Páscoa. Atualmente, o termo folar usa-se também para nos referirmos à prenda dada pelos padrinhos aos seus afilhados, neste dia.
Devem ser os afilhados a visitar os padrinhos para receber a sua prenda. Esta visita é por muitos designada como ‘ir pedir o bolo’. O afilhado, em compensação, estaria também obrigado a presentear os seus padrinhos. Isso acontece, porém, na semana anterior, no dia conhecido como o Domingo de Ramos.
“Benze-se e entrega-se o ramo de Oliveira no Domingo de Ramos aos padrinhos. E estes entregam o folar”, refere Daniela Costa, de Mafamude, em Vila Nova de Gaia, cuja família mantém esta tradição há três gerações.
Procissões
É também costume, em várias zonas do país, se proceder à realização de procissões. Na zona sul do país, por exemplo, esta é uma tradição que se vive com grande intensidade e onde as pessoas saem à rua, num percurso que visa assinalar ou a morte de Cristo (sexta-feira) ou a sua ressurreição (domingo).