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PGR comenta recomendação do GRECO sobre autonomia financeira

A procuradora-geral da República (PGR) considerou hoje "muito importante" que o Grupo de Estados Contra a Corrupção (GRECO) tenha recomendado, a Portugal, a necessidade de reforçar a autonomia financeira dos tribunais e das magistraturas.

PGR comenta recomendação do GRECO sobre autonomia financeira
Notícias ao Minuto

18:17 - 10/02/16 por Lusa

País Marques Vidal

Joana Marques Vidal falava sobre as conclusões hoje divulgadas do relatório do GRECO, no final da cerimónia de posse de Lucília Gago, como diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Na opinião da PGR, as "avaliações externas" a Portugal são "sempre úteis", e a questão da autonomia financeira é "muito importante", para que o Ministério Público, como titular da investigação criminal, tenha a "capacidade de gerir os recursos humanos e materiais", sem estar na dependência de estruturas ligadas ao governo.

Outra preocupação do GRECO, que a PGR diz partilhar, prende-se com a necessidade de prevenir e reforçar os mecanismos que evitem a possibilidade de haver corrupção nos órgãos, agentes e magistrados que aplicam a lei.

"Também me parece uma preocupação legítima", disse Joana Marques Vidal, observando que, nos casos detetados, tem havido a correspondente sanção judicial e disciplinar.

Quanto às recomendações do GRECO em matéria disciplinar, a PGR precisou que aquele organismo do Conselho da Europa pretende que Portugal pugne pela transparência e pela divulgação pública dos resultados dos processos disciplinares, reconhecendo que essa prática não é "habitual" em Portugal.

"O relatório vai no sentido de haver uma divulgação mais clara [dos processos disciplinares], com o nome dos sancionados", adiantou a PGR, notando contudo que é preciso ter em conta o "quadro jurídico" português nesse domínio.

Outra conclusão importante do GRECO, registada por Joana Marques Vidal, prende-se com a existência de uma maioria de membros não magistrados nos Conselhos Superiores da Magistratura, embora tal situação não ocorra no Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).

A PGR desdramatizou o perigo de isso acontecer no CSMP, notando que este órgão de gestão e disciplina dos magistrados do MP "não tem a possibilidade de interferir nos processos" e que, mesmo que houvesse uma maioria de membros não magistrados, a independência não estaria comprometida.

Quanto ao número reduzido de efetivos que fazem o acompanhamento e a fiscalização da declaração de rendimentos dos deputados, Joana Marques Vidal admitiu que, neste momento, os magistrados do MP "são poucos" e que não é fácil fazer a sua distribuição pelas diversas áreas e departamentos.

Declarou porém que a "prioridade" será reforçar os departamentos do MP que se ocupam da luta contra a corrupção e a criminalidade organizada.

A gestão de meios do MP - comentou - é uma "malha que tem de se ajustar" permanentemente às necessidades. A par de um reforço do quadro de magistrados e da definição de prioridades, a PGR disse ser preciso encontrar procedimentos simples e eficazes, designadamente com a ajuda de equipamentos tecnológicos.

Na tomada de posse de Lucília Gago à frente do DIAP - que é o departamento do MP com maior volume de processos -, Joana Marques Vidal falou novamente da questão dos recursos humanos e materiais e das perícias que "constituem uma fatia importante" da investigação criminal desenvolvida naquele departamento, que lida com diversos tipos de ilícitos, incluindo crime económico, abusos sexuais e violência doméstica.

Lucília Gago disse aceitar o desafio, sabendo, antecipadamente, que "sopram ventos de transformação e de dificuldade", sem que isso signifique menor empenho e determinação no caminho traçado.

"A luta contra a criminalidade em geral e a prontidão e a qualidade, em matéria de investigação criminal, são domínios da maior relevância, por se repercutirem de forma muito evidente na paz social, pela forma como os cidadãos e a comunidade percecionam a defesa dos seus direitos, e respeitam as instituições, as polícias, as magistraturas e os seus concidadãos".

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