"A comunidade está contente. Durante cinco vezes por dia vão poder ir à mesquita. Está perto e é tranquila. A atual já não dá. É muita gente junta e até custa a respirar", disse Rana Taslim Uddin.
Numa entrevista à agência Lusa, o presidente do Centro Islâmico do Bangladesh explicou que a Mesquita Central de Lisboa fica "muito longe" para os 15 mil muçulmanos que residem e trabalham na Mouraria, pelo que decidiu promover a abertura de uma mesquita naquela zona da cidade.
"No ano 2000 foi fundada uma mesquita para apenas 35 pessoas numa sala na rua do Benformoso. Depois aumentei-a para 80 pessoas, depois para 120 e depois para 240. Ocupei todo o prédio. Era um prédio velho e o sobe e desce era um bocado perigoso, por isso, mudámos de instalações para a Calçada Agostinho Carvalho. Ficámos num armazém de rés-do-chão e primeiro andar. Cabem umas 500 pessoas", contou.
Contudo, entre 2004 e 2010 a comunidade aumentou e Rana Taslim Uddin pediu uma solução à Câmara de Lisboa.
Além da falta de espaço e de uma sala para as mulheres, "os vizinhos também se sentiam incomodados" com o "entra e sai cinco vezes por dia", tendo mesmo existido "várias reclamações à Polícia Municipal", acrescentou o líder.
Depois de várias negociações, "finalmente a câmara decidiu oferecer um espaço para a mesquita nova, na Mouraria", afirmou.
"Dia 28 (de outubro) foi aprovada. Dia 28 é muito importante para todos os muçulmanos. A Câmara de Lisboa autorizou este projeto", frisou Rana Taslim Uddin.
Com uma área total de 2.500 metros quadrados, a futura mesquita vai ser dividida em dois edifícios: um para oração (homens em baixo e mulheres em cima) e outro que terá uma sala de jantar (no mês do Ramadão jantam todos juntos), casas de banho, uma sala para crianças com menos de seis anos aprenderem o Corão e uma sala de convívio para as mulheres.
Terá ainda uma sala polivalente de cultura, que todas as religiões, entidades ou instituições podem utilizar e fazer eventos, que vai ficar sob gestão da câmara.
Entre os dois edifícios ficará um espaço verde.
A construção da mesquita vai ficar a cargo da câmara e terá um custo de cerca de três milhões de euros, ficando o projeto de arquitetura e a decoração interior a cargo do Centro Islâmico do Bangladesh.
A única "exigência" feita pelos muçulmanos foi a existência de um "pequeno minarete" porque "é um símbolo da mesquita, é o que a distingue", frisou Rana Taslim Uddin.
Contudo, não será feito o chamamento para a oração (Adhan) porque "não é permitido".
Segundo o líder muçulmano, as obras devem arrancar dentro de seis meses, mas a mesquita só deverá abrir portas em 2018.
Apesar de este processo ter durado alguns anos, o líder da comunidade do Bangladesh nunca duvidou que a nova mesquita seria uma realidade.
"Tive sempre 100% confiança, não só pelos direitos das pessoas [à liberdade religiosa] como pela história da Mouraria", disse à Lusa.
Rana Taslim Uddin disse ainda estar "muito grato à câmara que ajudou os muçulmanos" e lembrou que a maioria dos muçulmanos que reside na Mouraria é oriunda do Bangladesh e constituída por residentes legalizados em Portugal que funcionam como "uma ajuda para a economia da cidade".
"Do Areeiro até Alfama há 500 lojas do Bangladesh. Na Avenida Almirante Reis temos oito restaurantes que respeitam o corte das carnes e estão todos os dias cheios de turistas", disse o presidente do Centro Islâmico do Bangladesh, acrescentando que a futura mesquita também vai ser boa para o turismo.