A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) enviou às redações um estudo sobre pneus, mais concretamente sobre pneus usados. E deixa vários alertas aos consumidores.
“Dos 89 pneus usados que comprámos, 50 apresentavam falhas graves de segurança que deviam impedir a sua venda”, nomeadamente, especifica a DECO, “pneus com rasto abaixo dos limites legais definidos”, “furados não reparados”, “ovalizados – alguns nem se equilibravam de pé e outros só assentavam meia superfície no pavimento”.
Mas não só. Outros pneus analisados “tinham mais de 10 anos”, “profundidades desiguais em várias zonas de medição do rasto do mesmo pneu”, e “remendos laterais, com rasgões ou com a estrutura metálica visível”.
Além das questões de segurança, a DECO deixa outro aviso aos consumidores: o barato sai caro. “O investimento inicial em pneus novos é largamente compensador”, refere a associação, garantindo ser “um mito” a ideia de que os usados saem mais baratos.
“Para valer a pena, o piso do pneu usado tem de ter cerca de 4,5 mm de profundidade mínima (os novos têm 8 mm). Dos 89 que comprámos, só 11 teriam sido um negócio aceitável para os consumidores”, exemplica.
Pelo que, conclui a DECO, “parece ser uma questão de sorte” comprar pneus usados “que respeitem os critérios de segurança. A aleatoriedade da qualidade e da segurança dos pneus vendidos é total”, reforça a associação.
Neste sentido, “pedimos (...) a criação de um quadro legal específico, como já existe noutros países, protegendo os consumidores, e que obrigue, por exemplo, à triagem obrigatória dos pneus usados vendidos, responsabilize os operadores ou crie a obrigatoriedade da rastreabilidade da origem dos pneus usados à venda”.
A DECO vai, aliás, “requerer às autoridades de segurança e prevenção rodoviárias que passem a incluir, nos respetivos autos de acidentes de trânsito, informações sobre o estado e, quando possível, sobre a natureza dos pneus utilizados pelas viaturas envolvidas”. E também vai solicitar “à ASAE que desencadeie medidas visíveis de fiscalização, de modo a que haja um reforço da segurança dos consumidores”.