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Associação 25 de Abril critica atribuição da Ordem da Liberdade a Santarém
O presidente da Associação 25 de abril questionou hoje a atribuição da Ordem da Liberdade à cidade de Santarém pelo Presidente da República, afirmando que foi uma "utilização indevida da figura de Salgueiro Maia" e dos militares de Abril.
© DR
País Vasco Lourenço
Em comunicado, Vasco Lourenço refere que "quem atribuiu a condecoração [o Presidente da República] não é digno do Portugal de Abril".
"Não podemos calar a nossa indignação e o nosso protesto por mais uma utilização indevida da figura de Salgueiro Maia e da generalidade dos militares de Abril", pode ler-se no documento.
No âmbito das celebrações dos 41 anos da "revolução dos cravos", o Presidente da República atribuiu no dia 25 de Abril, no Palácio de Belém, a Ordem da Liberdade à cidade de Santarém, homenageando a capital de distrito de onde partiu a coluna do capitão Salgueiro Maia rumo a Lisboa para o derrube do regime do Estado Novo.
O Presidente da Associação 25 de Abril afirma-se "perplexo" pelos acontecimentos, lembrando que Cavaco Silva negou a pensão a Salgueiro Maia enquanto foi primeiro-ministro.
"É interessante constatar que é a pessoa que, enquanto primeiro-ministro, recusou uma pensão a Salgueiro Maia, ao mesmo tempo que a atribuía a dois agentes da PIDE/DGS -- com o argumento de que as ações na guerra colonial se consideravam altos serviços prestados à Pátria e a ação do 25 de Abril de 1974 não justificava essa qualificação - vem agora atribuir a condecoração a uma cidade apenas porque dali saíram as tropas que consumaram a rendição da ditadura, comandadas por esse herói de Abril", afirma Vasco Lourenço na nota.
Vasco Lourenço afirma ainda que a "melhor maneira" da cidade de Santarém homenagear Salgueiro Maia seria dar às instalações da Escola Prática de Cavalaria um "aproveitamento digno", acrescentando que o facto de se localizar naquele município "justifica por si só a distinção".
O antigo capitão de Abril sublinha que "ao permitir a total degradação das suas instalações, depois de assistir à saída da unidade da cidade", Santarém "tornou-se indigna de explorar esses atos que implantaram a liberdade em Portugal".
O antigo Capitão de Abril questiona ainda porque é que a condecoração foi atribuída a Santarém, e não a outra cidade do país, como por exemplo Lisboa, onde tropas "intervieram decisivamente e o seu povo teve papel preponderante no apoio aos militares do MFA".
"É também no mínimo interessante que uma cidade, com os responsáveis autárquicos rejubilantes, seja galardoada apenas porque tinha no seu território a unidade militar de onde saíram as referidas tropas", ironizou.
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