No dia em que os mineiros fazem uma greve de 24 horas, um grupo de delegados e ativistas sindicais reuniu-se em frente ao Ministério da Solidariedade, do Emprego e da Segurança Social, para exigir ao Governo que "cumpra a Lei" em relação à idade de acesso à pensão de reforma nas "situações de exercício de atividade profissional especialmente penosa ou desgastante".
Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria das Minas, Joaquim Anacleto, referiu que o aumento em um ano, dos 66 para 67 anos da idade para passar à reforma dos trabalhadores com profissões de desgaste rápido "é humanamente injusta", é "uma interpretação errónea da Lei" e "é ilegal".
O sector mineiro está hoje em luta, explicou ainda o dirigente sindical, pois algumas das empresas "estão unilateralmente" a alterar os horários de trabalho, o que "vai contra a Lei", lamentou.
"Os trabalhadores não têm sido ouvidos sobre isto, nem os seus representantes. Há aqui, de facto, uma ilegalidade", advertiu o sindicalista.
Joaquim Anacleto explicou ainda que defendem a aplicação do decreto-lei 195/95, que é a legislação que antecipa as reformas do fundo das minas, também aos trabalhadores das lavarias porque estes "trabalham em condições tremendamente penosas e desgastantes".
Além disso, avançou, "o argumento do Governo é que no regime geral a idade da reforma passou a ser aos 66 anos e os mineiros terão de trabalhar mais um ano".
Mas, como há um decreto-lei do Governo que estabelece que "as profissões de desgaste rápido ficavam de fora disto", o grupo de sindicalistas e ativistas sindicais veio ao Ministério da Solidariedade, em Lisboa, para exigir que "cumpram a lei" e que "reponham a legalidade e reparem os prejuízos causados aos trabalhadores que entretanto já deveriam estar reformados e que ainda não estão".
Anacleto descreveu a profissão de desgaste rápido dos mineiros de "muito penosa", pois, como realçou "numa mina não há o ar que respiramos à superfície, é um recinto fechado há os fumos das máquinas, dos rebentamentos e as poeiras, bem como há falta de luz e há águas e lamas, além da queda de blocos que é constante".
"Nós temos de estar preparados para isto tudo. É isto todos os dias, todos os dias..., o que ao fim de 30 anos é muito penoso e o Governo vem agora dizer que os trabalhadores mineiros têm de trabalhar mais um ano", salientou.
Segundo Joaquim Anacleto trata-se de uma "injustiça tremenda" que o Governo está a fazer a estes trabalhadores.
Questionado sobre um ponto de situação sobre a adesão à greve de hoje, o dirigente sindical disse que estando em causa vários turnos horários é, para já, "prematuro fazer um balanço".
A greve abrange quatro minas, a de Loulé, da Panasqueira, a Somincor e a de Aljustrel, sendo que o setor emprega cerca de 4.500 trabalhadores.