Três dias depois da tragédia do Elevador da Glória, as vítimas mortais já são quase todas conhecidas.
Dos portugueses, conhece-se a identidade dos cinco mortos no acidente.
A começar pela primeira vítima confirmada: André Marques, o guarda-freio do Elevador, natural do concelho de Oleiros, e cujo funeral acontece este sábado às 18h30.
O presidente da Câmara Municipal de Oleiros, Miguel Marques, recordou o guarda-freio, como uma "pessoa muito querida" e "sorridente".
© André Marques/Facebook
André Marques "sempre que podia regressava aqui à sua terra natal [Sarnadas de S. Simão] e era uma pessoa muito querida aqui na comunidade. Era participativo, era uma pessoa bem disposta, sempre sorridente", afirma o autarca (em entrevista à SIC Notícias), que era um familiar distante do guarda-freio e que chegou a conviver com ele por diversas vezes.
Pedro Trindade é o segundo homem português entre as vítimas
O outro homem contado entre os portugueses é Pedro Trindade, que fez parte da direção da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV), onde também exerceu funções de árbitro da modalidade.
© Federação Portuguesa de Voleibol
Em comunicado oficial de nota de pesar, a FPV revelou estar "profundamente consternada com a tragédia, que vitimou um antigo membro da sua comunidade".
Pedro Trindade era professor na Escola Superior de Hotelaria e Turismo e ainda colaborador da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Há três mulheres portuguesas entre as vítimas
À sua semelhança, as três outras vítimas portuguesas de que há registo também trabalhavam na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Alda Matias, jurista, trabalhava nos recursos centrais da instituição; Ana Paula Lopes, natural de Proença-a-Nova, que deixa uma filha menor; e Sandra Coelho, de quem apenas se sabe que seria funcionária na Santa Casa de Lisboa.
Numa nota enviada às redações, a instituição lamentou a morte dos quatro trabalhadores, adiantando que dois outros estavam hospitalizados. O elétrico que descarrilou era um meio de transporte comum para os funcionários do estabelecimento, na ida para o trabalho e no regresso a casa.
"A família Santa Casa está de luto e as palavras não chegam para expressar a enorme tristeza que nos une neste momento de dor e consternação. Perdemos colegas, amigos, pessoas com quem partilhávamos o nosso dia a dia e a nossa missão."
Casal britânico era "muito artístico". Estava no primeiro dia de férias em Lisboa
Kayleigh Smith, de 36 anos, e William Nelson, de 44, estavam a terminar o seu primeiro dia de férias na capital portuguesa, recém-chegados de Inglaterra, quando decidiram apanhar o Elevador da Glória - naquela que acabou por ser a sua última viagem.
O casal acabou por morrer no descarrilamento. São duas das três vítimas britânicas do acidente. A terceira era um homem de 82 anos, cujo nome não foi revelado, segundo o The Telegraph.
© kayleigh.g.smith/Instagram
Uma amiga chegada da família, Lesley Guymer, descreveu Kayleigh ao jornal, dizendo que era "uma rapariga tão peculiar, e tão adorável. Conheço-a desde que ela era adolescente."
"E o Will era um homem magnífico. Barba grande, encantador, muito, muito, muito adorável. A família toda era incrível", acrescentou.
O casal era "muito artístico" e Will era "cheio de vida", contou Guymer.
Segue-se um outro casal, um canadiano e uma francesa: André Bergeron e Blandine Daux, casados há mais de vinte anos e com dois filhos.
Foi o próprio irmão de André que veio a público confirmar quem eram as vítimas, numa entrevista à CBC News.
"O meu irmão estava aqui de férias com a mulher. Eles estavam a aproveitar a felicidade perfeita, até que, no último dia de férias em Portugal, morreram num acidente de funicular. Foi um choque, um choque profundo", lamentou Eric.
© veedb/TikTok
O casal de arqueólogos de renome estava em Lisboa para celebrar o aniversário e a reforma de André - o fim de uma carreira marcante o suficiente para, na morte, receber elogios da instituição onde trabalhava, da associação de arqueólogos e do próprio Ministério da Cultura do Canadá.
No TikTok, a filha do casal, Violette, fez uma última publicação em honra dos pais: uma simples foto de ambos agarrados. O som que toca por detrás começa com a frase "almas gémeas são reais".
Na descrição da publicação deixa as palavras: "Mãe, pai, vocês foram levados demasiado cedo e de repente. Vou ter-vos para sempre comigo no meu coração".
Norte-americana que morreu no Elevador da Glória era professora universitária
Heather Hall era professora na Universidade de Charleston, no estado norte-americano da Carolina do Sul, e, à semelhança de outras vítimas no descarrilamento do Elevador da Glória, estava apenas de visita a Portugal.
A professora encontrava-se em Lisboa para uma palestra - que não teve oportunidade de dar. Fazia parte do Departamento de Educação da faculdade e era especializada em literacia e educação para necessidades especiais.
© Heather Hall/Facebook
A família de Heather já reagiu à notícia, numa declaração enviada ao News4 na sexta-feira à noite: "Heather Lynn Hall, uma filha, irmã, mãe, educadora e ativista amada, faleceu fazendo o que fazia de melhor - a viver a vida ao máximo, com ousadia e com o coração aberto para o mundo".
"Ela não tinha apenas amigos - tinha ligações profundas com pessoas que se sentiam verdadeiramente vistas e apreciadas por ela. Conhecer Heather era ser conhecido e amado em troca", afirmou a família de Heather.
A professora deixa "duas crianças incríveis", nas quais "acreditava com todo o seu coração", querendo acima de tudo "que vivessem as suas vidas ao máximo - encontrando o seu propósito, confiando em si mesmas, e abrindo-se à alegria, aventura e à possibilidade selvagem e maravilhosa da vida".
Feitas as contas, há ainda seis vítimas mortais do descarrilamento do Elevador da Glória, cuja identidade não é conhecida. São todas de nacionalidade estrangeira.
[Notícia atualizada às 16h55]
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