"Os operacionais mantêm-se no terreno em trabalhos de vigilância e consolidação para evitar os reacendimentos, como aconteceu na tarde de terça-feira, mas já podermos dizer que o fogo está em fase de rescaldo", disse o presidente da Câmara do Sabugal, Vítor Proença, à agência Lusa.
Segundo o autarca, a redução significativa das temperaturas e a subida da humidade relativa durante a noite foram uma ajuda no combate às chamas. No entanto, Vítor Proença permanece cauteloso porque, que nos últimos dias, a situação mudou ao final da manhã, com a subida das temperaturas e o aumento da força do vento.
"Já tivemos o incêndio nestas condições, mas junto à hora de almoço, com os reacendimentos, as coisas descontrolaram-se. Desta vez, acredito que, com o trabalho feito pelos bombeiros e pelas equipas que estão no terreno, conseguimos, para já, controlá-lo", acrescentou.
A Câmara do Sabugal, no distrito da Guarda, vai iniciar hoje o levantamento dos prejuízos e avaliar "situações mais prementes" junto dos criadores de gado, um setor muito importante da economia local.
"Temos cerca de 12 mil cabeças de gado no concelho e a prioridade é apoiar os produtores afetados, repondo alimentação para os animais e disponibilizando algumas reservas de água, para que não haja problemas", adiantou o autarca.
Os serviços camarários vão esta tarde para o terreno.
"Ainda há locais sem água, muitas infraestruturas danificadas e é necessário remover os cabos de telecomunicações que arderam", acrescentou Vítor Proença.
O município vai também contactar as operadoras de telecomunicações para iniciarem "o mais rapidamente possível" a substituição dos cabos destruídos pelo incêndio.
O fogo deflagrou no dia 15 de agosto, em Aldeia de Santo António, tendo o alerta sido dado às 14h41, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Na terça-feira (dia 19) as chamas passaram para o concelho vizinho de Penamacor.
Às 13h00 de hoje permaneciam no local 454 operacionais, 121 veículos e quatro meios aéreos, segundo a mesma fonte.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos provocaram três mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Um homem ficou ferido com gravidade neste incêndio no Sabugal, na terça-feira, e foi transferido para o Hospital de São João, no Porto. O operacional da Afocelca (empresa de proteção florestal detida pelos grupos do setor da celulose Altri e Navigator), de 45 anos, tem, segundo fonte hospitalar, 75% da área corporal queimada e apresenta um quadro grave.
Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual chegaram dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos fogos.
Segundo dados oficiais provisórios, até 20 de agosto arderam mais de 222 mil hectares no país, ultrapassando a área ardida em todo o ano de 2024.
[Notícia atualizada às 13h43]
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