A Unidade Local de Saúde (ULS) São José anunciou, na segunda-feira, o primeiro transplante hepático de dador vivo totalmente robótico realizado em Portugal, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Este foi também a segunda vez que se realizou este tipo de transplante na Europa. O que está em causa?
Neste primeiro transplante, uma filha de 38 anos doou parte do fígado à mãe, de 65.
No transplante de fígado, realizado no dia 4 de julho, no Centro Hepatobiliopancreático e da Transplantação da ULS São José, foram utilizados dois robôs cirúrgicos em simultâneo, segundo explicou a instituição.
"Enquanto uma equipa utilizava um robô para extrair parte do fígado da dadora, operando através de pequenos orifícios", outra equipa "utilizou um segundo robô para extrair o fígado da mãe, colocando depois por esta via o órgão parcial doado".
A dadora e a recetora, que sofria de doença hepática crónica, com doença oncológica, "recuperaram sem problemas".
Foi o segundo transplante hepático de dador vivo totalmente robótico na Europa
Na Europa, foi a segunda vez que se realizou um transplante hepático de dador vivo totalmente robótico. "A primeira vez que se registou, em Modena, Itália, foi utilizado apenas um robô, pelo que o procedimento de doação e transplante foi feito sequencialmente e não em simultâneo, como na ULS São José".
"A robótica tem grandes vantagens na doação de órgãos, pela segurança e possibilidade de recuperação mais rápida. O transplante robótico tem mostrado resultados promissores pela mesma razão, e Portugal é um dos países pioneiros nesta técnica", disse o diretor do Centro Hepatobiliopancreático e da Transplantação, Hugo Pinto Marques.
"Este é mais um excelente exemplo da aposta que temos feito na inovação e, mais concretamente, na robótica, permitindo ao SNS manter-se na vanguarda internacional da prestação de cuidados. É também uma forma de atrair e fixar profissionais de saúde no SNS", realçou Rosa Valente de Matos, presidente do Conselho de Administração da ULS São José.
Note-se que a ULS São José já tinha realizado, em outubro de 2024, pela primeira vez em Portugal, um transplante hepático de dador vivo, com recurso a esta tecnologia, mas a robótica apenas tinha sido utilizada na retirada do órgão.
A cirurgia robótica no Serviço Nacional de Saúde foi iniciada no final de 2019, no então Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), e, entretanto, foi adquirido um segundo sistema, permitindo à ULS São José ser pioneira na constituição de um Centro de Cirurgia Robótica.
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