Alga 'invadiu' Portugal em 2019 e agora "alastra de forma preocupante"

A macroalga invasora Rugulopteryx okamurae foi detetada pela primeira vez em Portugal em 2019, em S. Miguel, e está já nas costas do continente, especialmente no Algarve e em Cascais, desconhecendo-se forma de a controlar.

Rugulopteryx okamurae

© JORGE GUERRERO/AFP via Getty Images

Lusa
23/07/2025 18:53 ‧ há 7 horas por Lusa

País

Algas

Na terça-feira o Governo aprovou a Estratégia Nacional para a Gestão da Macroalga Invasora Rugulopteryx okamurae, que está "a alastrar de forma preocupante na costa portuguesa", segundo um comunicado do executivo.

 

Trata-se de uma "espécie exótica de origem asiática que tem vindo a alastrar de forma preocupante na costa portuguesa, com especial incidência no Algarve e na zona de Cascais", referia o comunicado conjunto do Ministério do Ambiente e Energia e do Ministério da Agricultura e Mar.

Num documento sobre a alga a que a Lusa teve acesso indica-se que em Cascais a invasora surgiu no ano passado e, em quatro meses, foram retiradas 2.000 toneladas da espécie em apenas duas praias.

A barreira de algas não diminuiu entretanto nas praias afetadas.

A espécie terá surgido em 2015 no estreito de Gibraltar, como espécie invasora.

Nos Açores surgiu quatro anos depois, provavelmente vinda nas águas de lastro ou nos cascos de navios, e em poucos anos dominou habitats em superfícies rochosas na costa sul de S. Miguel. Em 2021 foi detetada no Faial.

A forma rápida como se reproduz leva a que se acumulem grandes quantidades de biomassa, levadas pelas correntes e chegando às praias, indica o documento, no qual se recorda que em julho de 2022 a alga foi incluída na lista de espécies exóticas invasoras que preocupam a União Europeia.

A "Rugulopteryx okamurae" é uma espécie perene de alga castanha das costas asiáticas cujo crescimento acelerado impede outras espécies de se desenvolverem, colonizando a maior parte do substrato rochoso do fundo do mar e levando a perda de biodiversidade. Provoca um aumento massivo de biomassa, sem precedentes, e afeta a fauna local, a paisagem e as praias.

O documento, da Câmara de Cascais, indica que a alga tem aplicações por exemplo na indústria farmacêutica e há projetos para o uso como composto e fertilizante na agricultura ou até na bioconstrução.

Segundo o documento, na Andaluzia a alga teve impacto na pesca, reduzindo a capturas de várias espécies e danificando as artes de pesca, e os municípios gastaram 1,2 milhões de euros em limpeza num período de nove meses (o tempo de um estudo que foi feito há cerca de cinco anos).

O documento da autarquia destaca que não há provas de riscos para a saúde humana, animal ou das planta, mas também diz que não há métodos de controlo eficazes conhecidos que possam ser aplicados neste momento, nem foram observadas regressões naturais das algas. A deteção precoce é a melhor solução, diz.

Segundo um comunicado do Governo divulgado na terça-feira, numa portaria conjunta dos Ministérios do Ambiente e da Agricultura é traçado um plano de ação com medidas de monitorização, resposta operacional, valorização da biomassa, investigação científica e coordenação institucional, com o objetivo de mitigar os impactos ecológicos, sociais e económicos.

Entre as medidas previstas estão a remoção da alga em zonas críticas, o estudo da sua valorização para fins industriais ou agrícolas, a mobilização de equipas regionais de resposta rápida e a criação de uma base de dados nacional com registo georreferenciado da evolução da espécie.

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