A maioria dos consumidores dos conteúdos da agência de notícias portuguesa é do sexo masculino, segundo o estudo "Media e Inovação 2025/2026 - Agência Lusa, padrões de consumo de notícias e perspetivas face aos media", de julho.
A Lusa tem um modelo de negócio B2B (dirigido às empresas setoriais) e tem como principal função disponibilizar conteúdos noticiosos aos órgãos de comunicação social, os quais divulgam depois aos consumidores finais (B2C), recorda o OberCom.
O Digital News Report 2025, publicado há um mês, "revela que 4,5% dos portugueses recorrem diretamente ao 'site' da Lusa para consultar notícias 'online', valor que, tendo um decréscimo de 0,7 pontos percentuais face ao ano anterior, é idêntico ao valor de há dois anos", refere o documento.
Contudo, "apesar do acesso ao conteúdo da Lusa ser parcialmente restrito, verifica-se um número significativo de utilizadores que optam pelo seu 'site' como fonte de informação".
O OberCom salienta, no estudo feito para a agência de notícias, que, tendo em conta a forma como a Lusa funciona enquanto fornecedora de conteúdos noticiosos, os 4,52% dos inquiridos que mencionam recorrer diretamente ao 'site' "não refletem, naturalmente, o universo completo de consumidores que têm acesso às suas notícias através de diferentes marcas".
No que respeita ao género, "os consumidores da Lusa são predominantemente" do sexo masculino (59,3%) e em termos etários regista-se uma "predominância da faixa etária dos 55 aos 64 anos", ou seja, mais de um terço (36,3%).
Em termos de escolaridade, "e em contraposição com a amostra geral [que é baixa - 47%], a subamostra Lusa apresenta um nível de escolaridade alto [38,5%]" e quanto à orientação política declarada "os consumidores Lusa posicionam-se tendencialmente ao centro e à esquerda do espectro político".
Em 2025, "a proporção de portugueses que afirma evitar notícias com frequência ou algumas vezes diminuiu face a 2024, passando de 37,9% para 34,8%", refere o OberCom.
Entre os consumidores Lusa, em 2024 registou-se "uma redução de cinco pontos percentuais" face a 2023, e este ano "voltou a subir exatamente para o mesmo valor (31,9%)".
Apesar disso, este valor "é mais baixo do que o da amostra geral, em que 34,8% dos portugueses referem ativamente evitar notícias".
Os consumidores Lusa "declaram confiar em notícias consideravelmente mais do que a amostra geral, tendo estes valores subido desde o ano passado".
Ou seja, "62,6% dos consumidores Lusa confiam em notícias em geral" e "65,9% confiam nas notícias que consomem", adianta o relatório, ressalvando que a confiança nas notícias é um indicador que depende do contexto.
"A inclusão ainda relativamente recente da Lusa no inquérito do Digital News Report pode implicar a necessidade de um maior período de acompanhamento para uma melhor consolidação dos resultados e trajetórias", consideram os investigadores.
"Ao questionarmos os portugueses que conhecem a Lusa, 69,1% declararam confiar na marca, evidenciando um nível de confiança na Lusa elevado", sublinha.
Entretanto, "mais de metade (51,5%) dos consumidores Lusa recorrem a uma marca de notícias em que confia e 45,3% declaram recorrer a uma fonte oficial, como o 'website' de um governo. De destacar, ainda, o recurso a um verificador de factos (35,2%), ou a utilização de um 'chatbot' (15,8%), valor mais elevado comparativamente com 9,6% da amostra geral".
Os 'influencers' e personalidades 'online' destacam-se, "com 60,2% dos consumidores Lusa a considerarem-nos como uma ameaça neste contexto, sendo vistos como uma ameaça maior em comparação com a perceção dos portugueses em geral (51,4%)".
"Mais de metade dos consumidores Lusa identificam os políticos ou partidos políticos portugueses e estrangeiros. Também ativistas e grupos ativistas são considerados uma ameaça relevante para a desinformação, identificados por 45,6% dos consumidores e destaque ainda para os órgãos de comunicação social e jornalistas, em que cerca de um terço dos inquiridos Lusa os identificam como potenciais agentes de desinformação", adianta.
Quanto a literacia mediática, 45,1% dos consumidores Lusa refere ter tido alguma formação, o que compara com a amostra geral (21,4%).
"Os consumidores Lusa, portanto, tenderão a beneficiar mais deste tipo de educação, estando em teoria mais bem preparados para o confronto com informação potencialmente falsa ou enganosa do que os portugueses em geral", conclui.
Leia Também: Há 10 fugitivos portugueses na lista "vermelha" da Interpol. Eis quem são