Mais de um terço (35%) dos portugueses "afirmam evitar notícias de forma frequente ou ocasional, um ligeiro decréscimo face a 2024 (37%), mas confirmando a tendência crescente de evitar notícias observada na última década (70% evitam independentemente da frequência)", refere o relatório.
O DNRPT25 é produzido anualmente pelo OberCom - Observatório da Comunicação desde 2015, publicado a par do relatório global do RISJ - Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
A tendência de evitar notícias "é mais comum entre as mulheres, pessoas com escolaridade baixa ou média e quem aufere baixos rendimentos", lê-se no documento.
O cansaço com a quantidade de notícias (39%), a saturação com temas de guerra e conflitos (38%) e o impacto negativo no humor (32%) estão entre as razões apontadas para o evitar ativo de notícias.
"Estas razões variam consoante género e idade: as mulheres e os mais velhos referem mais frequentemente o cansaço e o impacto emocional, enquanto os mais jovens destacam a falta de relevância das notícias, a perceção de polarização, a sensação de impotência e a dificuldade em acompanhar os conteúdos", aponta.
O tema da guerra, nomeadamente o conflito na Ucrânia, "continua a ser uma das principais fontes de saturação informativa", segundo do DNRPT25.
"A fadiga perante este tema é mais acentuada na Europa (com Portugal a situar-se acima da média europeia e global), o que reflete o efeito da proximidade geográfica na perceção e no consumo noticioso", destaca o documento.
Com trabalho de campo a cargo da YouGov, o projeto inquiriu a nível global em 2025 cerca de 97 mil indivíduos utilizadores de Internet, em 48 países. Este ano, a Sérvia junta-se ao conjunto de mercados globais em estudo, depois da inclusão de Marrocos em 2024.
O trabalho de campo decorreu entre 13 de janeiro e 24 de fevereiro deste ano. Em Portugal foram inquiridos 2.012 indivíduos.
Em termos globais, quatro em cada 10 (40%) pessoas afirmam que "às vezes ou muitas vezes evitam as notícias - acima dos 29% em 2017 --, este é o valor mais elevado que alguma foi registado no âmbito do DNR".
Muitos dos que evitam (39%) "dizem que as notícias têm um efeito negativo no seu humor, enquanto outros (31%) dizem que se sentem esgotados pela quantidade de notícias ou pensam que há demasiada cobertura de guerras e conflitos (30%) ou política nacional (29%)".
Globalmente, a confiança global nas notícias (40%) manteve-se pelo terceiro ano consecutivo, apesar de ainda ser quatro pontos mais baixa do que no auge da pandemia.
"A Finlândia e a Nigéria registam os níveis mais elevados de confiança global (67% e 68%, respetivamente), enquanto a Grécia (22%) e a Hungria (22%) registam os níveis mais baixos", segundo o estudo.
"Os inquiridos são claros quanto ao facto de a melhor forma das organizações noticiosas aumentarem a confiança seria aumentar a exatidão, a transparência e o jornalismo original, reduzindo simultaneamente o que muitos consideram ser uma cobertura tendenciosa", refere o relatório.
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