"Ouro do concelho". Valorização da cereja do Fundão arrancou há 25 anos

Apadrinhamento de cerejeiras, caminhadas meditativas, aluguer de cestas de piqueniques ou 'escape game' são algumas das atividades que durante o mês de junho os visitantes podem experimentar no Fundão a propósito da campanha da cereja, motor de desenvolvimento local.

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Lusa
01/06/2025 06:48 ‧ há 2 dias por Lusa

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Quase 25 anos depois das primeiras ações de valorização do produto, o "crescimento turístico no Fundão tem sido fabuloso", destacou à agência Lusa Olga Nogueira, técnica de turismo do município.

 

"A experiência mais marcante é, realmente, quando os turistas podem comer a cereja diretamente da árvore. É o que as pessoas mais valorizam. Junho é o mês mais forte turisticamente, nomeadamente com as excursões", disse Olga Nogueira, que por estes dias assiste os visitantes no posto de turismo.

É o "ouro do concelho": assim a cereja é caracterizada pela vendedora Ermelinda Costa, que por esta altura assenta arraiais e despacha caixas e mais caixas do fruto numa das entradas do Fundão.

"Mexe com toda a economia, desde quem produz, quem apanha, restaurantes, vendedores, supermercados. É o ouro do Fundão".

O presidente da Câmara também não tem dúvidas: em 2002 começou a trabalhar-se esta identidade, num plano de marketing territorial. Quase 25 anos depois, o resultado é evidente.

O Europeu de futebol em 2024, em Portugal, foi também determinante para esta evolução, com a campanha "A cereja do Fundão, o fruto da nossa seleção". Desde aí, num processo que conheceu quatro fases, a cereja passou de um valor agregado de 11/12 milhões de euros para 20 milhões por ano.

A Câmara investe cerca de 100 mil euros por ano nesta história de sucesso, numa média, disse Paulo Fernandes, que aludiu a um estudo que concluiu que houve anos em que, com um investimento de 50 mil euros, o potencial comunicacional chegava aos dois milhões de euros.

Uma tese de doutoramento defendida em 2013 por Maria João Forte na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa concluiu que esta operação - iniciada pelo então presidente Manuel Frexes, que tinha Paulo Fernandes como vereador -- mudou a paisagem, a toponímia, a cultura e os hábitos. A socióloga destacou também, no seu estudo, o desaparecimento das variedades locais.

"Mas, hoje, o valor que se paga ao produtor é mais do dobro do que se pagava antes de começarmos com a nossa marca. A cereja trouxe a notoriedade e contaminámos positivamente outras atividades que nada têm a ver com a cereja. Hoje, o nosso produto agregado ligado à agricultura estará na casa dos 170 milhões por ano para um município com 27 mil pessoas".

Os imigrantes são fundamentais para mexer com a economia e Paulo Fernandes destacou, numa conversa com a Lusa, um aspeto inabdicável: "Se alguém for encontrado com práticas não dignas relativamente ao trabalho agrícola, fica proibido de usar a marca 'Cereja do Fundão'".

O fim das portagens também tem contribuído, no tempo mais recente, para o crescimento turístico: as dormidas passaram de 80 para 160 mil por ano e o tempo de estada duplicou de 1,5 em média para três dormidas graças aos dois mil hectares de cereja que povoam o território.

João Nuno Rodrigues, presidente da Junta de Alcongosta -- a capital da cereja e onde se realiza no segundo fim de semana de junho a Festa da Cereja, lembrou que é, ali, freguesia na qual também se localiza a Casa do Saber -- Casa da Cereja, que se localiza o grosso dos produtores.

A aldeia vive praticamente toda em torno da cereja: "Temos aqui famílias, talvez 50% da população, que vive da fruticultura e da cereja. A freguesia é a mais cerejeira de Portugal, como diz o presidente da Câmara. Foi aqui que se começaram a desenvolver os primeiros pomares ordenados. Aqui, estará também em breve, o Centro de Ciência Viva -- Quinta das Ideias e da Cereja. Será um espaço mais ligado para a ciência e para o desenvolvimento de novas atividades".

Numa localidade com 300 e muitos eleitores, cerca de 30 mil pessoas visitam a Casa da Cereja por ano. Já a Festa, este ano em 06, 07 e 08 de junho, tem habitualmente 50 a 60 mil visitantes.

Leia Também: Cereja do Fundão ganha vida todo o ano através de outros produtos

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