O Governo adiantou, esta quarta-feira, que o embaixador de Israel em Portugal foi convocado ao ministério dos Negócios Estrangeiros, após o ataque a uma comitiva de diplomatas onde seguia o embaixador português Frederico Nascimento, na Cisjordânia.
"Portugal condena liminarmente o ataque do exército israelita à comitiva diplomática que visitou Jenin, na Cisjordânia", lê-se num comunicado do MNE enviado às redações.
"Perante este incidente, que põe em causa o Direito Internacional, o Embaixador de Israel em Portugal [Oren Rosenblat] já foi convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros", refere.
O Governo português salienta que na comitiva "seguiam mais de 20 diplomatas e representantes de órgãos de comunicação social, entre eles, o embaixador Frederico Nascimento, chefe da missão diplomática em Ramallah, que se encontra a salvo".
A visita foi organizada pela Autoridade Palestiniana e coordenada com o exército israelita.
As forças israelitas fizeram hoje "disparos de advertência" após um grupo internacional de mais de 20 diplomatas se ter "desviado da rota aprovada" na visita, indicou o exército israelita em comunicado, que "lamentou o incómodo" causado.
Não houve relatos de feridos, nem danos no incidente.
Numa mensagem publicada ao início da tarde na rede social X, o ministério português tinha condenado "liminarmente" o ataque, transmitindo "toda a solidariedade ao embaixador português".
Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, que cita a lista fornecida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano, o grupo integrava um total de 27 países europeus, americanos, árabes e asiáticos.
De acordo com a mesma fonte, estavam presentes representantes da missão da União Europeia e de 14 países desta organização: Portugal, Áustria, Bulgária, Espanha, Lituânia, Polónia, Roménia, França, Países Baixos, Finlândia, Itália, Alemanha, Dinamarca e Bélgica.
A delegação tinha ainda diplomatas do Canadá, do Reino Unido, da Rússia e dos países latino-americanos Chile, México e Uruguai, bem como dos países árabes Jordânia, Marrocos, Turquia e Egito. Do continente asiático, estiveram presentes diplomatas da China, da Coreia do Sul e do Japão.
Além disso, de acordo com a lista, a visita incluiu também representantes do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA).
De acordo com a agência noticiosa palestiniana WAFA, o MNE da Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, indicou que os ataques tiveram como objetivo "intimidar" os diplomatas.
A WAFA partilhou imagens dos ataques, nas quais se veem pelo menos dois israelitas fardados a disparar na direção de um grupo de pessoas que estavam a dar entrevistas.
Espanha, França e Itália aplicaram hoje a mesma medida diplomática que Portugal, enquanto a União Europeia e vários países, incluindo Alemanha, Irlanda, Egito e Jordânia, condenaram o incidente.
[Notícia atualizada às 17h03]
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