"Esta foi uma descoberta muito chocante. Não vimos nada assim no reino animal", destacou Zoë Goldsborough, ecologista comportamental do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha.
As motivações destes machos adultos continuam a ser investigadas. Os capuchinhos são macacos do tamanho de gatos domésticos que se encontram na América do Sul e na América Central. Vivem muito tempo, são inteligentes e aprendem novos comportamentos uns com os outros.
Um grupo de macaco-capuchinho no Panamá aprendeu mesmo a utilizar ferramentas de pedra para partir nozes e marisco, noticiou na segunda-feira a agência Associated Press (AP).
Goldsborough e outros investigadores do Max Planck e do Instituto de Investigação Tropical Smithsonian instalaram mais de 80 câmaras para estudar o uso de ferramentas pelos macacos-capuchinho, mas ficaram surpreendidos ao ver os primeiros bebés bugios aparecerem no início de 2022.
As imagens mostram os macacos-capuchinho a andar e a bater nas suas ferramentas de pedra com crias de macacos-bugio nas suas costas.
Mas as câmaras não captaram os momentos de rapto, que, segundo os cientistas, aconteceram provavelmente nas árvores, onde os bugios passam a maior parte do tempo.
"A nossa janela para esta história é limitada", explicou a coautora do estudo Margaret Crofoot, do Max Planck e do Smithsonian.
Na maioria ou em todos os casos, as crias de bugios morreram, realçaram os investigadores. Os macaco-bugio bebés são normalmente transportados pelas mães enquanto ainda estão a amamentar.
Todas as crias do vídeo --- com algumas semanas a alguns meses de idade --- eram demasiado jovens para serem desmamadas.
"Uma parte esperançosa de mim quer acreditar que alguns escaparam e voltaram para as suas mães, mas não sabemos", sublinhou Crofoot.
Os vídeos registaram alguns casos de jovens machos de macaco-capuchinho ainda a transportar crias de bugios que morreram, provavelmente de fome.
Muitos animais --- desde gorilas a orcas --- foram observados a transportar as suas próprias crias mortas, embora os cientistas não tenham a certeza dos motivos.
Sobre as razões para este comportamento, não há sinais de agressão deliberada às crias e estes não foram comidos, o que descarta a predação.
"Todos nós passámos horas a perguntar-nos por que razão fariam isso", garantiu Goldsborough.
O primeiro raptor de bebés pode ter tido uma confusa "motivação de cuidado", ou instinto parental, porque demonstrou bondade ao interagir com as crias, sublinhou a investigadora. Depois outros quatro machos copiaram as suas ações.
Os investigadores disseram que não acreditam que os macacos-capuchinho tenham magoado as crias de propósito.
Até agora, apenas um grupo de macacos-capuchinho foi identificado a raptar bugios.
A investigação mostra a "notável variação comportamental entre grupos sociais da mesma espécie", vincou Catherine Crockford, primatologista do Instituto de Ciências Cognitivas do CNRS, em França, que não esteve envolvida no estudo.
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