Para o organizador Nuno Leite, do Motoclube do Porto, desde que surgiu a lei que permite conduzir motas até 125 centímetros cúbicos de cilindrada com carta de condução automóvel que "tem aparecido cada vez mais gente jovem interessada em ter motas", sobretudo pela "economia em termos de consumo, mas também pelo prazer que é andar em duas rodas".
Esta edição da Festa da Mota do Porto conta com cerca de 30 expositores e 70 motas de vários tipos, divididas em três mostras temáticas que dão a conhecer a história da marca Honda, as minimotas da mesma marca e os motociclos históricos conhecidos como Café Racers.
Álvaro Vaz, comerciante de motas, tem visto a sua clientela subir de ano para ano graças à nova lei de motociclos. Considera que melhorou "a mobilidade das pessoas e até a economia em combustível, que já se verificava no resto da Europa há vários anos", pelo que se congratula por ter "todo o tipo de público interessado em comprar motas", nesta edição do certame em que participa desde o primeiro ano.
"As pessoas, com a facilidade de poder conduzir uma mota sem tirar a carta, aprenderam a gostar e desenvolveram esse gosto, se calhar, no início, por uma questão de mobilidade, mas depois continuaram a gostar e tiraram as cartas e compraram motas maiores", disse à Lusa o comerciante.
Para António Azevedo, motorista de 39 anos, e Luís Cruz, agente da PSP de 41, esta foi uma oportunidade para "regressar à infância". Ambos são membros de longa data do Motoclube de Vila do Conde, que "tem uma excelente relação com o Motoclube do Porto", segundo o agente da PSP, o que os leva a visitar todas as edições deste evento, "um pretexto", admitem, "para fazer outra viagem".
"A nossa geração dos anos 70, com 14 ou 16 anos, queria era roubar a Boss ou a Sachs ao pai. Os miúdos, agora aos 18 anos, querem todos carros", lamentou Luís Cruz, frisando que a mudança da legislação só pecou por tardia e que só se deverão ver "os frutos disso daqui a algum tempo".
"Os miúdos de agora não têm aquela paixão que nós tínhamos pelas duas rodas", asseverou.
Pedro Macedo, Eduardo Amorim e Rúben Lemos têm todos 25 anos, conduzem motociclos diariamente e parecem contradizer a ideia de que aquela "paixão" terá sido um fenómeno geracional.
Aos 30 anos, João Santos é o mais velho dos amigos e fala em nome do Grupo Motard de Gondomar quando diz à Lusa que, "se há coisa que dá gosto, é andar em duas rodas pelo alcatrão fora".
"O fascínio é o sentimento que uma pessoa tem, a adrenalina que dá, o próprio cheiro, o vento a bater", explica, perante a concordância dos amigos, que só desejavam "ter mais dinheiro" para comprar algumas das motas que viram na exposição.
A 4.ª Festa da Moto termina este domingo com a atribuição de prémios para as motas Café Racer mais bem estimadas e com um passeio de vários dos exemplares em exibição pelas ruas da Baixa do Porto.