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Cidadãos lançam petição contra alargamento da via rápida da Costa

Um grupo de cidadãos, com o apoio de especialistas na temática urbana, lançou uma petição contra o aumento do número de vias do IC20, conhecida por via rápida da Costa de Caparica, que conta já com quase 1.500 assinaturas.

Cidadãos lançam petição contra alargamento da via rápida da Costa
Notícias ao Minuto

18:29 - 29/09/23 por Lusa

País Costa da Caparica

A estrada que liga Almada à Costa da Caparica, conhecida por via rápida, vai passar a ter quatro vias de trânsito em cada sentido, obra que começa em 02 de outubro e que deverá terminar em maio de 2025.

A informação foi avançada por um representante da empresa Auto-Estradas do Baixo Tejo durante a reunião da Câmara de Almada, no distrito de Setúbal, em 18 de setembro, explicando que a obra terá de ser realizada para dar cumprimento a uma obrigação do contrato que prevê que, quando atingisse determinado limite de fluxo diário de circulação, teria de ser feito um aumento no número de vias.

O IC20 regista anualmente um tráfego médio diário superior a 60 mil veículos.

A Auto-Estradas do Baixo Tejo é subconcessionária da Infraestruturas de Portugal (IP), responsável pela gestão de um conjunto de vias na margem sul do Tejo, entre as quais o IC20.

A petição, que começou a circular no dia 22 de setembro, Dia Europeu sem Carros, tem como subscritores o Centro de Arqueologia de Almada, o movimento Estrada Viva, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), a Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi), Mulheres na Arquitectura, a QUERCUS e ainda a comunidade local Estuário Colectivo.

Os signatários referem que a população foi surpreendida com a informação de que a obra é um compromisso que resulta de um contrato caduco, que deveria já ter sido renegociado pelo Estado junto da concessionária Baixo Tejo, de modo a ir ao encontro daquilo que são os objetivos estabelecidos a nível ambiental.

Após análise ao contrato de concessão com a Baixo Tejo, o grupo defende que a IP deve dar instruções à subconcessionária de que não é necessário aumentar o número de vias.

"Sublinha-se que o investimento financeiro nesta obra por parte da subconcessionária é indiretamente dinheiro público", frisa o grupo, acrescentando que, se o Estado renegociar o contrato com a concessionária, "poderá recuperar o dinheiro" que irá desperdiçar "numa obra perfeitamente inútil e contra os objetivos ambientais do próprio governo".

Os peticionários contestam a obra por ser contra a estratégia climática nacional, não resolver a questão do congestionamento (criando o chamado "tráfico induzido" e 'bottleneck') e promover a dispersão urbana.

Em alternativa sugerem o aumento das faixas BUS, com a melhoria da frequência, qualidade e extensão de transportes públicos e a criação de mais e melhores infraestruturas para mobilidade suave, como novas passagens ciclopedonais elevadas que reduzam o impacto negativo de barreira geográfica deste tipo de vias e a adaptação dos viadutos existentes de modo a incluir vias pedonais e ciclovias seguras.

Diogo Salvador, do movimento Estuário Coletivo, disse à agência Lusa que esta obra não faz qualquer sentido e não vai resolver os problemas de trânsito na zona uma vez que este vai confluir num funil (na ponte 25 de abril) que liberta carros gota a gota.

"Esta solução já está mais do que obsoleta", disse, adiantando que a obra é "contrária ao bom senso" e um desperdício de dinheiro que gostariam de conseguir evitar.

Para Diogo Salvador, uma das alternativas mais óbvias seria uma aposta no metro de superfície, fazendo-o chegar à Costa de Caparica e ao Seixal.

Na reunião de câmara onde foi apresentada a obra, a presidente da autarquia, Inês de Medeiros (PS), advogou igualmente que a obra não iria resolver os problemas de mobilidade e defendeu a necessidade de uma nova travessia entre a margem norte e a margem sul.

"Quero deixar claro que esta obra não vai resolver em nada aquilo que é uma prioridade até para a criação de um metro entre a margem sul e a margem norte, além da Fertagus, e é nessa perspetiva que temos estado em conversações com o município de Oeiras e com o anterior executivo da Câmara Municipal de Lisboa e com o atual", disse.

Leia Também: Via rápida da Costa da Caparica vai passar a ter 4 vias em cada sentido

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