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"Melindrado" com notícias sobre silêncio de Costa, Marcelo nega "querela"

O Presidente da República comentou a recente troca de críticas e de galhardetes entre Luís Montenegro e António Costa, sobre o alegado "silêncio" do primeiro-ministro na reunião da passada terça-feira.

"Melindrado" com notícias sobre silêncio de Costa, Marcelo nega "querela"
Notícias ao Minuto

19:55 - 06/09/23 por Hélio Carvalho com Lusa

País Conselho de Estado

De "não comento" a abrir o livro, Marcelo Rebelo de Sousa considerou esta quarta-feira que o primeiro-ministro tem razões para estar "ofendido" sobre as notícias do Conselho de Estado, confessando ter ficado "melindrado" pelas aparentes fugas de informação sobre o conteúdo da reunião em Belém. O Presidente da República garantiu mesmo que a opção do primeiro-ministro de não responder no Conselho de Estado às opiniões dos conselheiros "não foi por nenhuma querela" entre os dois.

À saída da cerimónia de entrega do prémio António Champalimaud de Visão de 2023, o Presidente da República mencionou aos jornalistas que o primeiro-ministro já veio desmentir as informações, e confessou ter ficado "estupefacto" com as notícias.

"Mesmo em relação ao Conselho de ontem, foi possível haver notícias que me melindraram, confesso. Senti-me incomodado por isso, por não corresponder à visão que eu tinha do que se tinha passado", admitiu ainda Marcelo Rebelo de Sousa, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, acrescentando que "o senhor primeiro-ministro, quando ficou silencioso, não foi por nenhuma querela com o Presidente da República".

Em causa está o primeiro ponto da reunião de terça-feira do Conselho de Estado, sobre a situação política, económica e social do país, para concluir a reunião de julho dedicada a este tema.

"Eu tinha perguntado ao senhor primeiro-ministro, antes do Conselho, se tencionava usar da palavra. Ele disse-me que não e, portanto, tendo-me dito que não, eu naturalmente passei à minha intervenção", adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo começou por afirmar que, mais uma vez, não comentava "as intervenções e os silêncios dos membros do Conselho".

Mas, questionado pelo surgimento de notícias sobre uma reunião privada e sigilosa do Conselho de Estado, disse que "cada qual terá a sua posição sobre aquilo que considera que foi deturpado no seu pensamento, ou omitido, ou privilegiada outra opinião, ou saído uma interpretação".

Quanto à sua opinião sobre a situação do país que expressou no Conselho de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa não quis torná-la pública.

"Eu já sou membro do Conselho de Estado - primeiro conselheiro, agora presidente - há 20 anos. Somando o tempo da presidência de Jorge Sampaio, de Cavaco Silva, e ao longo de 20 anos vão saindo várias versões, interpretações, vários pontos de vista sobre o que se passou ou não passou. Eu admito que haja quem se sinta ofendido porque o que aquilo que disse ou não disse foi mal interpretado", apontou o chefe de Estado.

O Presidente falou ainda do processo de gravação das atas das reuniões do Conselho de Estado, explicando que "até haver uma ata aprovada, porque há imensas alterações que são introduzidas - porque a gravação não ficou clara, porque aquilo que se disse não está devidamente acolhido na gravação, a explicitar um ponto ou outro - até estar aprovada, e é sempre unanimidade na votação, não há a verdade definitiva sobre o que se passou".

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "valeu a pena" ter suscitado a análise da situação do país no Conselho de Estado, para haver "uma troca de impressões" entre os membros daquele órgão de consulta, "comparar opiniões e haver uma interação".

Sobre os relatos públicos do que se passa no Conselho de Estado, o Presidente da República observou que não é plausível "haver quem grave uma reunião do Conselho de Estado" além dos serviços da Presidência e declarou não ser "adepto de uma posição de dúvida sistemática sobre a honorabilidade das pessoas".

"Em democracia, quem quer que seja, em qualquer instituição, se se sente ofendido e se sente que aquilo que é publicado não corresponde à realidade e isso ofende um direito próprio e o prestígio de uma determinada instituição, tem os mecanismos adequados para realmente defender o seu ponto de vista, que é perfeitamente legítimo", referiu.

Antes de falar aos jornalistas, o chefe de Estado participou na cerimónia de entrega do Prémio António Champalimaud de Visão 2023 ao centro hospitalar oftalmológico de São João de Jerusalém, organização filantrópica que presta cuidados oftalmológicos especializados em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Os antigos chefes de Estado Ramalho Eanes e Cavaco Silva também estiveram presentes nesta cerimónia.

Numa curta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o trabalho da Fundação Champalimaud e destacou a "incansável dedicação" do seu vice-presidente João Silveira Botelho, anunciando que o iria condecorar.

Luís Montenegro comentou na terça-feira que o primeiro-ministro demonstrou estar "amuado" na reunião do Conselho de Estado, criticando o alegado comportamento de Costa como uma demonstração de conflito.

Depois dos comentários de Luís Montenegro, António Costa respondeu ao líder do PSD, garantindo que "não amuou" e falando em "mentiras" sobre o seu comportamento no Conselho de Estado. "O Conselho de Estado assenta sobre uma regra de confidencialidade", disse, acusando os membros de "péssimo serviço".

Montenegro reafirmou que Costa é "doutorado em conversa, mas responde pouco".

[Notícia atualizada às 21h20]

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