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Mais de 800 refugiados entraram na Madeira desde o início da guerra

Desde que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia começou, 861 refugiados ucranianos entraram na Madeira, a maioria dos quais mulheres e crianças, revelou o Governo Regional, reconhecendo que a integração no mercado de trabalho não tem sido fácil.

Mais de 800 refugiados entraram na Madeira desde o início da guerra
Notícias ao Minuto

10:15 - 23/02/23 por Lusa

País Ucrânia/1 ano

Em entrevista à agência Lusa, a secretária regional da Inclusão Social e Cidadania, Rita Andrade, indicou que, desde o início do conflito na Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado, foram feitos 861 pedidos de proteção temporária na região ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Desses, 10 ainda não estão concluídos, referiu a governante, admitindo que são situações "preocupantes", uma vez que as pessoas sem o processo concluído no SEF "não podem ter nenhum tipo de apoio".

"Mas, estão sinalizadas, as nossas equipas da Segurança Social estão atentas a estas 10 pessoas com o compromisso de Lisboa de rapidamente resolver e tentar perceber o porquê do atraso", assegurou.

Rita Andrade explicou, porém, que não é possível quantificar o número de refugiados que permanecem na ilha, uma vez que as saídas não são registadas.

Entre fevereiro e março do ano passado, registou-se "um afluxo de refugiados muito grande", com 331 pessoas a entrarem na Madeira, número que depois diminuiu até agosto.

"E, no último quadrimestre do ano, temos uma segunda vaga de entrada de ucranianos aqui na nossa região que se justifica, sobretudo, porque por um lado não se vê o fim da guerra e, por outro lado, por causa das questões na Ucrânia de frio e de falta de energia", assinalou Rita Andrade, acrescentando que em janeiro deste ano entraram mais cerca de 50 refugiados.

De acordo com os dados da Secretaria Regional da Inclusão Social e Cidadania, 50% dos ucranianos que procuraram a Madeira desde o início da guerra são mulheres e 30% são crianças, situação que se explica por a maioria dos homens estar a combater.

"São pessoas com pouco suporte familiar para trabalhar. Não obstante sentir que as pessoas foram bem acolhidas pelos madeirenses, [a integração] tem sido difícil, contrariamente às expectativas iniciais", apontou Rita Andrade.

A governante disse que inicialmente houve a expectativa de que estes cidadãos pudessem suprir algumas das necessidades da Madeira em conseguir mão-de-obra para diversas áreas, nomeadamente na hotelaria e na restauração.

No entanto, a maioria das pessoas que foi chegando à região, sobretudo as mais velhas, não dominam o inglês.

"Portanto, houve aqui uma barreira da língua que foi difícil", notou, acrescentando que, por outro lado, o facto de estes refugiados, a maioria mulheres, terem pouco suporte familiar, dificultou que pudessem trabalhar nos horários habituais em empregos de hotelaria e restauração.

Há uma franja de refugiados que trabalha remotamente, principalmente mais jovem, e que está plenamente integrada, referiu Rita Andrade, mas também há muitos casos de pessoas que esgotaram os seus recursos financeiros e necessitam de ajuda.

Segundo a Secretaria Regional da Inclusão Social, 117 refugiados ucranianos recebem Rendimento Social de Inserção (RSI), 84 abono de família, oito o subsídio de parentalidade e três abono de família pré-natal.

Há ainda 13 agregados familiares que beneficiam de Subsídio da Ação Social e duas famílias com apoio à habitação.

Desde o início da guerra, 62 famílias, num total de 145 pessoas, já receberam apoio à alimentação através do Instituto de Segurança Social.

Na área do emprego, o Instituto de Emprego registou "92 inscrições para emprego de cidadãos ucranianos, das quais 29 estão ativas".

Com o apoio de entidades formadoras, 139 cidadãos ucranianos iniciaram formações de português, sendo que, atualmente, não há aulas a decorrer por falta de procura.

Nas escolas da região, 104 crianças e jovens ucranianos com menos de 18 anos, que chegaram à Madeira desde fevereiro, estão a frequentar o ensino obrigatório.

Quando a guerra começou, 69 famílias manifestaram disponibilidade para acolher cidadãos ucranianos, tendo 42 sido alojadas em casas de voluntários, num total de 116 pessoas.

Atualmente, 14 agregados familiares (33 pessoas) continuam em habitações de famílias voluntárias e encontram-se disponíveis ainda três casas.

Foram também encaminhadas 81 pessoas para os serviços de saúde. "Temos, por exemplo, doentes oncológicos que não podiam parar os seus tratamentos", indicou Rita Andrade.

Questionada se perspetiva uma nova vaga de refugiados ucranianos na Madeira, a secretária Regional de Inclusão Social e Cidadania rejeitou fazer "futurologia", mas assegurou que "as pessoas jamais ficarão desprotegidas".

"Se a guerra persistir ou se agravar aí temos novas condicionantes em cima da mesa. Estamos preparados e temos as instituições e os serviços preparados", garantiu.

A responsável adiantou ainda que está a ser criado um novo espaço de emergência, na freguesia de Gaula, concelho de Santa Cruz, para ser utilizado em casos de emergência. Trata-se de um espaço com 12 dormitórios e que será equipado através de doações e voluntariado.

A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas (ONU), que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A ONU apresentou como confirmados, desde o início da guerra, 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Refugiados. Relatório "não confirma" suspeitas, diz autarca de Setúbal

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