Vacinação preveniu "2 milhões de dias de internamento e 12 mil mortes"

Especialistas fizeram hoje o ponto de situação da pandemia da Covid-19 em Portugal.

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Natacha Nunes Costa
11/11/2022 09:14 ‧ 11/11/2022 por Natacha Nunes Costa

País

Infarmed

Nove meses depois da última reunião no Infarmed, sobre a Covid-19, especialistas e políticos voltaram a reunir-se, esta sexta-feira, 11 de novembro, para fazer um balanço da pandemia em Portugal.

O encontro aconteceu numa altura em que a mortalidade atribuída à doença sofreu um ligeiro aumento. Contudo, de acordo com os especialistas, a pandemia continua sob controlo e não justifica a implementação de novas medidas de contenção.

O ministro da Saúde iniciou a reunião sublinhando que o encontro serve, essencialmente, para atualizar os decisores políticos da evolução da pandemia da Covid-19.

Manuel Pizarro aproveitou a oportunidade para relembrar que Portugal está habituado a viver, no inverno, com uma "ampla panóplia de infeções respiratórias víricas", o que causa desde logo pressão nos hospitais, e a Covid-19 "não tornou a nossa vida mais fácil", daí a necessidade de "avaliar com muito rigor a situação".

De seguida, o governante passou a palavra ao epidemiologista Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que começou por falar das "lições aprendidas" desde o início da pandemia, como é o caso da lavagem das mãos, que considera ser "uma medida central de prevenção" do SARS-CoV-2.

Vacinas são indispensáveis, mas não são suficientes
Durante a sua intervenção, Henrique Barros evidenciou que as vacinas são indispensáveis, na luta contra a pandemia, mas não são suficientes e salientou que há várias lições que devemos tirar deste combate.

A primeira é a resposta prioritária que deve ser dada às desigualdades existentes em Portugal. "Em Junho de 2020, já mostramos uma quantificação do risco aumentado nas pessoas que não eram de nacionalidade portuguesa, como os migrantes, como depois se veio a verificar com casos graves", relembrou, dando também o exemplo dos lares de idosos.

"Chamo a atenção para o que se passou nos lares onde estão institucionalizadas pessoas mais velhas. Dos lares que pudemos estudar, não só os trabalhadores tinham um risco aumentado [...], como as pessoas que aí residem e que morreram tinham uma probabilidade maior de ficarem infetadas, do que as pessoas que viviam nas suas casas".

Outra das lições é que "as vacinas são centrais [...]. Havendo vacinas disponíveis, as pessoas devem vacinar-se", mesmo que, como realçou Henrique Barros, estas não sejam tão ótimas como gostávamos".

E o impacto da vacinação em Portugal demonstra isso mesmo. "Preveniram-se mais de um milhão de infecções, mais de 2 milhões de dias de internamento, 130 mil dias de internamento em unidades de cuidados intensivos e mais de 12 mil mortes", referiu.

A produção de conhecimento e as decisões que saem desse conhecimento é outra lição a ter em conta, para o perito, assim como "os esforços de vigilância e de resposta".

A transmissão em direto da reunião do Infarmed, que estava a ser transmitida através do Youtube, Facebook e Twitter da Presidência da República, foi interrompida.

 Aumento da pressão nos serviços de saúde

Entretanto, a RTP3 transmitiu uma parte da reunião, onde Pedro Pinto Leite, da Direção Geral da Saúde (DGS), explicava um gráfico da evolução dos vírus respiratórios em Portugal.

De acordo com este especialista, "a situação atual é caracterizada por um aumento de consultas de gripe e de outras infeções respiratórias, com um padrão semelhante ao que era na pré-pandemia, com aumento da pressão nos serviços de saúde".

Para Pedro Pinto Leite, a dinâmica da Covid-19 pode não estar ainda estabilizada, visto que, o vírus SARS-CoV-2 adquire rapidamente novas mutações e a doença "ainda constitui uma emergência de saúde pública de âmbito internacional". O sistema de vigilância deverá por isso ser reforçado, por exemplo, nas águas residuais e junto dos animais.

A mortalidade, segundo este perito da DGS, "encontra-se dentro do esperado para a altura do ano, pelo que se entende que não há impacto, neste momento, da transmissão da Covid-19, gripe e outros vírus respiratórios".

Apesar disso, Pedro Pinto Leite apela à vacinação sazonal contra a Covid-19 e contra a gripe entre as pessoas mais vulneráveis.

A transmissão em direto da reunião do Infarmed, transmitida através do Youtube, Facebook e Twitter da Presidência da República, voltou a estar disponível.

Há uma subvariante a crescer

Já João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), explicou a genética do vírus SARS-CoV-2.

Tal como lembrou o perito, o primeiro ano de pandemia foi "inundado" pela estirpe original. No Natal de 2021 surgiu a variante Alfa, que esteve presente cerca de seis meses e foi substituída pela Delta, a variante mais severa e que permanceu dominante em Portugal durante cerca de sete meses. Desde essa altura que a Ómicron é a estirpe dominante.

De acordo com o INSA há, contudo, uma subvariante a crescer, a BQ.1.1, o que significa que "é mais transmissível".

Em Singapura e Índia uma outra subvariante causou picos da doença: a XBB. No entanto, de acordo com o Governo de Singapura "não há evidência que a XBB cause doença mais grave do que variantes anteriores".

"Desde ontem que temos uma nova vacina proteica"

Para Carlos Alves, médico infecciologista e membro do conselho directivo do Infarmed, as vacinas foram a medida que mais impacto teve na evolução da pandemia. "Tivemos a felicidade de, na Europa, termos acesso a vacinas de forma bastante ágil", começou por focar.

Além disso, lembrou o profissional de saúde, "desde ontem que temos uma nova vacina proteica", que ainda não foi utilizada em Portugal, mas que está já autorizada para esquema de vacinação primária.

Antes de terminar a sua intervenção, que andou à volta da premissa "estar vacinado faz a diferença", Carlos Alves ressalvou que há três tópicos que deveriam ser considerados no futuro: Aumentar a resposta aos idosos e pessoas com algum grau de imunodepressão, aumentar a durabilidade das vacinas e procurar vacinas que atuem localmente, de forma a "evitar a infeção e não apenas as consequências, reduzindo a propagação". 

Quase cinco milhões de pessoas têm uma dose de reforço

Por fim, o coronel Carlos Penha Gonçalves, que coordena o processo de vacinação contra a Covid-19 em Portugal revelou que mais de 1,8 milhões de portugueses já foram vacinados contra a Covid-19 e que 52% das pessoas acima dos 60 anos já estão vacinadas. Quanto à gripe, 1,8 milhões de pessoas já estão protegidas com a vacina e que 61% das pessoas acima dos 65 anos já receberam a vacina.

A Task Force para a vacinação contra a Covid-19 vai aumentar em 10% a capacidade semanal para administrar vacinas, de modo a que toda a população elegível com 50 anos ou mais receba a dose de reforço até ao fim do ano.

No encontro estiveram presentes o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro, o ministro da Saúde, a ministra da Presidência, a diretora-geral da Saúde, entre outros.

Leia Também: Covid-19. Peritos e políticos voltam a reunir-se no Infarmed

  

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