Adelina tem 80 anos e tudo o que quer é voltar à casa que ardeu há um ano

O Ministério Público está a investigar incêndio, por suspeitas de fogo posto.

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© Instagram / how_i_met_adeline

Natacha Nunes Costa
10/11/2022 12:07 ‧ 10/11/2022 por Natacha Nunes Costa

País

Solidariedade

Adelina Águia tem 80 anos e uma vida de sofrimento para contar, mas tudo o quer, neste momento, é regressar à sua casa, que ardeu em março de 2021.

Um grupo de cerca de 20 voluntários tenta agora concretizar o único e último desejo da antiga enfermeira, que dedicou uma vida a ajudar os outros.

Criaram uma conta no Instagram, outra no Go Fund Me e até uma na Vinted "para voltar a colocar um sorriso no rosto da Adelina e tentar restituir o que, de facto, sempre foi seu: um lar! O seu lar!".

Até ao momento, conseguiram arrecadar cerca de 20 mil euros, dos 150 mil necessários.

Suspeitas de fogo posto

Mas a história de Adelina começa muito antes deste incêndio que, segundo o Jornal de Notícias (JN), está a ser investigado pelo Ministério Público (MP), por suspeitas de fogo posto.

De acordo com o grupo 'The Adeline Movement', quando era jovem, Adelina foi para África para ajudar os mais necessitados, como enfermeira. Construiu uma casa com o marido e viveu por lá durante uns anos, mas quando a guerra se instalou foi obrigada a abandonar tudo e a regressar a Portugal.

Por cá, começou a sonhar com um imóvel que tinha visto na zona da Lapa, no centro do Porto. Só que, segundo ela, este sonho acabou por se transformar em pesadelo. Os vizinhos não aceitavam que "alguém de cor" vivesse ali. 

Ao longo dos anos foram muitos os insultos e ameaças até que, um dia, atiraram a ela e à filha água a ferver, deixando ambas com cicatrizes para a vida.

Mas o pesadelo não acabou por aqui. Quando o marido, que sofria de depressão devido ao trauma da guerra, morreu, Adelina foi novamente pressionada a vender a casa.

A certa altura, enquanto estava internada no hospital por estar debilitada, a casa foi arrombada e roubada. Contam os voluntários que agora tentam ajudar Adelina que foi uma espécie de "saia rapidamente daqui" mascarado de assalto.

Roubaram móveis, eletrodomésticos, janelas, destruíram tudo o que puderam e até levaram a porta da frente. "Roubaram as telhas do telhado só para que a casa apodrecesse mais rápido, deixaram um rasto de destroços e lixo que sabiam que ela não iria conseguir limpar, e desse modo, forçaram-na a mudar-se para o pequeno barraco que tinha no quintal", contam na página Go Fund Me dedicada ao movimento.

Nessa altura, o mesmo grupo de voluntários que tenta agora ajudar Adelina a restituir o que é seu, arregaçou as mangas e tentou limpar o máximo possível a casa da idosa. Contudo, "quando o incêndio deflagrou naquela chuvosa tarde de março de 2021", sentiu que todo o esforço e da Adelina tinham sido em vão. A casa estava agora muito mais deteriorada e sem condições de habitabilidade.

Apesar disso, não desistiram e decidiram começar a arrecadar fundos de forma a reconstruir a habitação, para que Adelina possa regressar a ela antes de morrer.

Quando isso acontecer, a idosa, que é descrita como "adorável" e "genuinamente bem disposta", quer gravar os nomes de todas as pessoas que a ajudaram na porta de entrada.

Leia Também: "Temos vidrões e velhões. Depositamos os velhos no lar e deixamo-los lá"

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