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Adriano Moreira era "pessoa de caráter e de grande integridade"

Declarações de Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário de domingo à noite.

Adriano Moreira era "pessoa de caráter e de grande integridade"
Notícias ao Minuto

22:21 - 23/10/22 por Notícias ao Minuto

País Marques Mendes

O antigo presidente do PSD e comentador, Luís Marques Mendes, juntou-se ao coro de homenagens que hoje evocou Adriano Moreira, o histórico dirigente do CDS-PP e ministro do Ultramar que morreu este domingo aos 100 anos, e teceu longos elogios a um "grande senhor".

No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes recordou que conheceu mais Adriano Moreira durante os últimos anos por partilharem um assento no Conselho de Estado, e classificou o antigo líder do CDS-PP como "uma pessoa de caráter, de princípios, de valores, de grande integridade, que surpreendia e impressionava".

Marques Mendes elogiou a vertente académica de Adriano Moreira, que foi exaltado como um dos maiores pensadores políticos do século XX na área das Relações Internacionais.

"Era um grande pensador, pensava para além da espuma dos dias, pensava a Europa, o mundo, sobretudo pensava sobre o papel de Portugal no mundo", explicou o antigo líder social-democrata.

O comentador reconheceu ainda que a figura de Adriano Moreira não é consensual, devido ao seu papel como ministro da ditadura e influência no colonialismo português, além de ser considerado o responsável pela reabertura do campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.

"De um modo geral, no grande espaço democrático, à esquerda e à direita, reconhecem que Adriano Moreira foi um grande senador da República. Uma pessoa que serviu a academia, a política, a cultura, que teve uma participação cívica impressionante e sempre com um grande espírito de abertura aos outros", vincou.

Marques Mendes considerou que o antigo ministro é "um caso invulgar em termos de vida política, porque atravessou dois regimes", e salientou que esteve "sempre em alta". "Como ministro de Salazar para as colónias, onde fez reformas importantes do ponto de vista dos direitos humanos, tanto que depois Salazar depois 'despediu-o'", disse, referindo-se à revogação do Estatuto dos Indígenas.

"É uma grande perda: a morte é inevitável, mas não deixa de ser uma grande perda, e deixo uma palavra de solidariedade à família", concluiu o social-democrata.

Num dia marcado pela morte de Adriano Moreira, o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República e a grande maioria do Parlamento (tirando alguns partidos à esquerda) exaltaram o legado do antigo deputado, vice-presidente da AR e líder do CDS-PP.

Marcelo Rebelo de Sousa disse, ao início da tarde, que Adriano Moreira, que comemorou recentemente 100 anos de vida, "foi tudo ou quase tudo".

"[Adriano Moreira] Atravessou dois regimes, andou pelo mundo, deixando discípulos, defendendo a nossa língua, a nossa cultura, a nossa pátria comum, sempre com inteligência, com brilho, com tenacidade, com orgulho transmontano, com orgulho português", vincou o Presidente da República.

Em junho deste ano, Adriano Moreira foi condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem de Camões, antes de fazer 100 anos em setembro. Nascido em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, a vida de Adriano Moreira esteve desde sempre ligada à academia e ao Direito.

Depois de publicar a premiada tese 'O Problema Prisional do Ultramar' e de fazer parte da delegação portuguesa na ONU, Adriano Moreira foi então convidado por António de Oliveira Salazar para fazer parte do Governo da ditadura. Foi subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, em 1960, e transitando depois para ministro do Ultramar, em 1961, quando começavam as revoluções independentistas nas colónias africanas.

Após o exílio no Brasil depois do 25 de Abril, Adriano Moreira regressou à política e ao Parlamento, acabando por dirigir o CDS-PP e ser deputado até 1995.

Leia Também: Governo apresenta condolências e assinala "intervenção política e cívica"

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