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Marcelo homenageia Adriano Moreira, que "ficará para sempre" na História

Presidente escreveu um longo texto em homenagem a Adriano Moreira, que hoje celebra 100 anos, sendo o político com a maior longevidade da história democrática portuguesa.

Marcelo homenageia Adriano Moreira, que "ficará para sempre" na História
Notícias ao Minuto

09:22 - 06/09/22 por Notícias ao Minuto

País Adriano Moreira

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, homenageou, esta terça-feira, 6 de setembro, Adriano Moreira, ministro do Ultramar no período da ditadura e antigo presidente do CDS em democracia, que completa hoje 100 anos, agradecendo, em nome de todos os portugueses, "tudo o que fez, tudo o que faz, pelas nossas Forças Armadas, pela nossa Língua, pela nossa Cultura, pela nossa Portugalidade". 

Marcelo começou por destacar que Adriano Moreira, que foi também professor universitário, teve uma vida "feita de desencontros históricos" e recordou o percurso do político,  que se dividiu entre dois regimes. 

"O verdadeiramente fascinante em Adriano Moreira é que, há muito, entrou na História apesar de toda a sua vida ter sido feita de desencontros históricos. Chegou sempre cedo demais ou tarde demais a esses encontros", escreveu o chefe de Estado, que recordou as raízes de Adriano Moreira, que "vindo de Trás-os-Montes profundos, ostensivamente orgulhoso das suas raízes, subiu os degraus da vida, se fez estudioso, e académico". 

"Cedo demais. Quando sonhou converter uma escola de quadros coloniais, depois ultramarinos, em Academia tão nobre quanto outras de outros tempos. E teve de encontrar atalhos e esperar pacientemente para que o óbvio acontecesse", destacou.

O Presidente sublinhou também que Adriano Moreira foi "pioneiro, em domínios da Ciência Política, das Relações Internacionais, da Geoestratégia prospetiva" e que "foram precisas décadas até se entender como antecipara o futuro".

"Cedo e, ironicamente, também tarde demais, quando jovem governante, quis reformar Política e Direito Coloniais e Ultramarinos, e, para muitos, o que trazia era rutura em excesso, e, para muitos outros, aportava com, pelo menos, uma década de atraso", destacou.

"Cedo e tarde demais, quando irrompeu, nos seus quarenta anos de idade – contrastantes com a anciania do poder instalado. Cedo demais, porque não tinha os pergaminhos do cursus honorum do regime, nem a rede de lealdades no seu seio, nem a aquiescência de um líder, que encontrara na guerra o argumento moral e vocal para continuar, como se o tempo fosse eterno e tudo à sua volta acompanhasse esse seu tempo fora do tempo", lê-se.

Para Marcelo, Adriano Moreira "chegara cedo demais para um Status quo parado na sua solidão. E tarde demais para a mudança que decifrava, mas cada vez mais intuía já não contar com o seu papel determinante".

O Presidente considerou que, "mesmo desencontrado com a História", foi assim que Adriano Moreira "nela entrou há meio século, ou talvez mais".

"Nela entrou, nela ficou, nela ficará para sempre. A própria História se faz desses sortilégios", escreveu.

"Com Adriano Moreira, a História acolheu-o bem antes de a Providência ou o Fado lhe terem proporcionado o mais raro do raro – viver e tão intensamente que se pôde permitir o por todos invejável – ser o último a contar o que viu e viveu, sem a possível contradita dos contemporâneos", destacou, considerando que Adriano Moreira "foi sempre impar no pensamento, na oratória, na conquista das almas, na natural adesão dos alunos, discípulos, seguidores, na intuição do essencial".

O chefe de Estado escreve que "não é, porém, apenas por ter, há muito entrado na História, na nossa História Portuguesa, que hoje aqui estamos" e deixa um agradecimento: "Aqui estamos para lhe dizermos, de viva-voz, como lhe agradecemos tudo o que fez, tudo o que faz, pelas nossas Forças Armadas, pela nossa Língua, pela nossa Cultura, pela nossa Portugalidade".

Marcelo termina recordando que Adriano Moreira foi colega de carteira do seu pai.

"Neste momento não há nem direita, nem esquerda, nem civis, nem militares, nem apóstolos das suas lutas, nem críticos de algumas das suas atitudes, nem antigos, nem novos, nem novíssimos, nem conhecedores de há tempos sem fim – nos quais me conto, colega de carteira que foi de meu Pai, há quase um século –, nem recém-vindos ao seu convívio. Há, tão somente, Portugueses! E são esses Portugueses que lhe agradecem em nome de Portugal!", remata.

Leia aqui o texto na íntegra.

Leia Também: Adriano Moreira. Um percurso dividido entre ditadura, democracia e ensino

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