Numa cerimónia que arrancou por volta das 19:00 no aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, cerca de 180 militares da 11.ª Força Nacional Destacada (FDN), assim como alguns dos seus familiares, ouviram o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira, sublinhar que a República Centro-Africana é um "território estratégico para a segurança europeia e, portanto, para a segurança de Portugal".
Dirigindo-se aos militares que irão constituir a Força de Reação Rápida da missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA), Capitão Ferreira destacou que, desde o empenhamento da primeira FDN portuguesa naquele país, em 2016, os militares portugueses têm sido "absolutamente determinantes para a manutenção da paz frágil que aí se vive".
"Os avanços nesta matéria são graduais, mas são palpáveis. Tendo em conta a volatilidade desta região, continuamos a contar com aquilo que sabemos que será a vossa persistência, a vossa determinação e o vosso profissionalismo. A presença portuguesa e o seu trabalho são muito apreciados pelos centro-africanos", frisou.
Pouco tempo antes de, noutra cerimónia no mesmo local, serem recebidos os militares da 10.ª FDN -- que partiu para a República Centro-Africana em novembro, tendo terminado agora os seus seis meses de missão -- o vice-chefe de Estado Maior do Exército, o tenente-general Rui David Guerra Pereira, disse estar convicto de que a 11.ª FDN "seguirá o mesmo percurso das anteriores FDN", que deixaram um legado de "desempenho sempre correto, profissional e resoluto".
O vice-chefe do Estado Maior do Exército sublinhou que os 180 militares que irão partir para a República Centro-Africana cumpriram um "ajustado e eficaz período de aprontamento, onde a sua preparação, treino e certificação foram conduzidos de acordo com os mais rigorosos padrões".
Perante os familiares dos militares que irão ficar na República Centro-Africana nos próximos seis meses, o secretário de Estado da Defesa Nacional endereçou-lhes "uma mensagem de apreço" e um "muito obrigado".
"O carinho e apoio que os familiares e amigos (...) dão às nossas mulheres e homens em missão são extremamente valiosos para cada um deles, estou certo, mas também para a garantia do sucesso da missão como um todo: a certeza do vosso apoio incondicional é aquilo que lhes mantém o espírito livre para se dedicarem às exigências da missão", frisou.
Em declarações aos jornalistas, a sargento Bruna Grilo, de 26 anos -- uma das 16 mulheres que integram a 11.ª FDN -- disse aos jornalistas que sentia "nervosismo" e "ansiedade" a poucas horas de partir para a República Centro-Africana.
Naquela que será a sua primeira missão no país, Grilo explicou que a "ajuda dos camaradas é muito importante" em termos de preparação mental para os militares que se estreiam num teatro de operações complexo.
"Pessoal que já lá esteve, que tem experiência, que sabe como é que funciona tudo, nós vamos aprendendo com eles. Mas quem vai a primeira vez, vai ao desconhecido, mas é uma ambição, estamos preparados", afirmou a jovem sargento, fardada e de boina azul com o emblema da Organização das Nações Unidas (ONU).
Comandada pelo tenente-coronel Hélder Jorge Prata Pinto, a 11.ª Força Nacional Destacada para a República Centro-Africana ficará sediada em Bangui e é composta por 169 homens e 16 mulheres, sendo que a maior parte -- 179 -- pertencem ao Exército, cinco à Força Aérea e um à Marinha.
Atualmente, de acordo com dados disponibilizados pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas na sua página oficial, estão empenhados na RCA 193 militares portugueses no âmbito da MINUSCA e 45 meios. Também na RCA, mas no âmbito da missão de treino da União Europeia (EUTM-RCA), estão atualmente empenhados 21 militares.
A MINUSCA tem como objetivos "apoiar a comunidade internacional na reforma do setor de segurança do Estado, contribuindo para a segurança e estabilização" da República Centro-Africana, informa ainda o EMGFA.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
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