O social-democrata e comentador político Luís Marques Mendes considerou, este domingo, que "este orçamento é uma marca, é o orçamento da inflação", apelidando-o de "uma espécie de imposto escondido".
No seu habitual espaço de comentário na SIC aos domingos à noite, o comentador político considerou ainda que Fernando Medina "carregou muito" no seu discurso na ideia de contas certas, redução do défice e consolidação orçamental, ressalvando que o PS está "mais aberto" para falar sobre o défice porque "já não há geringonça".
"Eu chamo a este orçamento o orçamento do imposto escondido"
Como aspetos positivos do OE2022, destaca cinco: as medidas sociais (pensões e creches gratuitas); redução do défice; a redução da dívida em % do PIB; as medidas para compensar a subida de preços e o fim do "imposto" Costa Silva.
Marques Mendes considera ainda os aspetos negativos, enunciando quatro: a perda de poder de compra dos funcionários públicos; a perda de poder de compra dos pensionistas; a não atualização dos escalões do IRS e a falta de ímpeto reformista.
Recordando que este é o primeiro orçamento da era António Costa que em vez de subir rendimento, os diminui, alerta para eventuais pressões que o PS poderá sofrer.
"Esta é uma questão política interessante porque o PS vai ter aqui uma pressão, vamos ver como reage, responde e aguenta esta pressão da opinião pública".
Fernando Medina, considera o comentador, "terá de decidir" se quer deixar uma "marca" na gestão do Ministério das Finanças. "Se quiser deixar uma marca tem de ser num orçamento próximo, para 2023, apresentado daqui a seis meses", diz, uma vez que este último apresentado esta semana "já veio de trás".
Recordando a "marca" deixada por Centeno e João Leão, de "redução de défice e consolidação orçamental", Medina terá de fazer diferente e poderá deixar a sua no domínio fiscal, "seja no IRS, seja no IRC", reformando e reduzindo impostos. O antigo líder do PSD aponta que na apresentação do OE2022 Medina abriu portas nesse sentido.
Artigo de Cavaco pode ajudar candidatos à liderança do PSD
O comentário político deste domingo começou com o polémico artigo de opinião de Cavaco Silva. Recordando que “praticamente não há oposição em Portugal”, Marques Mendes considerou este tipo de posição como necessária.
“Desta vez, este artigo de Cavaco Silva pode ter um outro resultado”, diz, apontando que o mesmo ajudar os candidatos à liderança do PSD.
“Este artigo pode influenciar os programas” e “contribuir” para que estas mensagens possam ser incorporadas “nos discursos” de Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva.
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