"A investigação foi pouca, má e tardia", diz pai de jovem desaparecida

Rita Slof desapareceu em Matosinhos, em 2006.

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Notícias ao Minuto
29/03/2022 18:47 ‧ 29/03/2022 por Notícias ao Minuto

País

Desaparecimento

Luís Gonçalves Monteiro, pai de Rita Slof, jovem que desapareceu em 2006, e que levou o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) a condenar o Estado português ao pagamento de 26 mil euros devido à alegada ausência de uma investigação eficaz, teceu duras críticas à Polícia Judiciária (PJ) e disse esperar que o seu caso possa servir de “exemplo”.

Ao falar sobre a decisão do TEDH, numa entrevista ao programa ‘Júlia’, da SIC, Gonçalves Monteiro disse que a sua vitória foi “o concretizar de uma verdade” após uma luta de vários anos. 

“É o concretizar de uma verdade. Felizmente, sou um empresário de sucesso, não tenho necessidade dinheiro, a indemnização é algo que o meu advogado me aconselhou a fazer, mesmo sem pedido de indemnização o processo iria para o Tribunal Europeu”, começou por dizer.

“Eu sou uma pessoa de lutas (…) Se eu puder ajudar outros casos estarei cá, porque tenho posses e tenho meios, e tenho conhecimentos para o fazer”, acrescentou.

Gonçalves Monteiro apontou depois o dedo à atuação da PJ e criticou a investigação, que disse ter sido “pouca, má e tardia”. 

“As pessoas estão na mão da Polícia Judiciária. Não temos nada, nem ninguém, nem meios, nem instituições que nos possam ajudar. Portanto, é a Polícia Judiciária”, disse, falando da impotência que se sente por não “poder fazer nada”. 

“Quando havia pistas palpáveis e eles não davam seguimento, comecei a ficar preocupado, preocupadíssimo, mas não podia trocar de fornecedor (…) Era aquilo que tinha e tinha de aguentar aquilo”, exemplificou.

“Eu tenho provas que, felizmente, foram reconhecidas pelo Tribunal Europeu, em como a investigação foi pouca, má e tardia”, notou.

Gonçalves Monteiro considerou que havia dois fatores “importantíssimos” no desaparecimento – a pessoa (jovem e doente) e a rapidez.

“Foi-me dito por um investigador: ‘Oh senhor Monteiro, o senhor não se preocupe, quando a sua filha tiver frio e fome aparece’. Isso foi a primeira”, contou, lembrando depois que o telemóvel da filha esteve ativo até sábado, mas “como não havia juiz” não foi enviado um ofício para a operadora para tentar a localização.

“Terceiro, a investigação era pouca ou nenhuma”, reiterou, lembrando depois que conseguiu ter acesso a imagens de autocarros para ver se encontrava gravações da jovem no dia do desaparecimento, confirmando que viu a filha em dois momentos.

“Fui à Polícia Judiciária transmitir isso, eles deslocaram-se lá e viram e confirmaram e não fizeram nada com essa imagens, nada”, alegou.

“Ter uma pequenina pista num caso de desaparecimento é quase com uma vitória, é o fio da meada, se eles nem aí pegaram no fio da meada. Eles ficaram sentadinhos, à espera”, lamentou, lembrando depois que um dos inspetores tinha um telemóvel “com a bateria viciada” e, por isso, “não atendia, nem respondia”.

Gonçalves Monteiro disse ainda que a melhor amiga de Rita só foi ouvida, por telefone, passados quatro/cinco meses do desaparecimento. 

“Nessa semana também desapareceu um bebé no hospital de Penafiel, portanto nada ajudou (…) A Judiciária também já andava como uma barata tonta, também não têm meios. Nem meios humanos, nem meios de automóveis, telemóveis... de investigação”, afirmou, lembrando que o próprio recebia várias pistas e realizava uma triagem. 

Gonçalves Monteiro entende que as falhas na investigação não foram propositadas, mas foram “por desleixo, mau profissionalismo”. 

“O que eu quero provar é que isto é verdade e que as pessoas têm de mudar (…) as pessoas têm de ser responsabilizadas pelos seus atos”, defendeu.

O homem diz que não quer “esquecer” o desaparecimento da filha e que quer estar “lúcido” para conseguir reagir caso surja alguma pista. 

“Porquê a mim? Eu não sou católico, mas pergunto o que é que eu terei feito mal para que isto tenha acontecido. Não há anda que eu me possa culpar pelo que aconteceu e aí tenho a consciência tranquila”, completou.

Recorde-se que Rita Slof, de 18 anos, foi dada como desaparecida a 18 de fevereiro de 2006, um dia depois de a mãe a ter deixado de manhã junto ao mercado de Matosinhos para apanhar o autocarro para a Fundação Serralves, no Porto, onde teria uma visita de estudo. 

Leia Também: Estado condenado a indemnizar pai de jovem desaparecida em Matosinhos

 

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