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Igreja de Bragança com estatuto de monumento está a ser leiloada

A igreja do Convento de São Francisco, em Bragança, está a ser leiloada por uma dívida de restauro do local de culto integrado num dos mais emblemáticos edifícios da cidade, classificado como Monumento de Interesse Público.

Igreja de Bragança com estatuto de monumento está a ser leiloada
Notícias ao Minuto

22:30 - 24/01/22 por Lusa

País Bragança

O conjunto do edifício medieval, datado do século XIII, situado junto ao castelo de Bragança, já foi convento, hospital militar, asilo e ali funciona atualmente o Arquivo Distrital de Bragança, na parte do convento, sob a administração direta do Estado.

A igreja e o adro permaneceram na posse da ordem terceira franciscana, uma organização de leigos, que responde pela dívida que levou à penhora e venda em leilão desta parte do imóvel, com um valor base de cerca de 137 mil euros.

O leilão online termina nesta terça-feira, com lances a rondarem os 76 mil euros, e sem ninguém conseguir explicar localmente como é que chegou a este ponto um espaço onde o Estado, através de organismos e programas ligados à Cultura, e a Câmara de Bragança chegaram a investir perto de 1,5 milhão de euros.

Estes investimentos começaram há quase 30 anos e, desde então, que tem havido dificuldades financeiras tornadas públicas e resolvidas com apoios oficiais, doações ou recursos a empréstimos, e controversa associada às obras, iniciada com o afastamento da arquitetura responsável por uma das primeiras fases do projeto.

Esta é a maior igreja de Bragança, onde em tempos se faziam os grandes eventos religiosos, mas não é pertença da diocese, como explicou à Lusa o pároco Octávio Sobrinho Alves, que exerce várias funções na diocese de Bragança-Miranda.

A Lusa tentou falar com o bispo José Cordeiro, sem sucesso, e foi o pároco, que já teve também a cargo a paróquia de Santa Maria, onde se localiza o edifício, que explicou que a ordem proprietária do espaço é composta por leigos e "tem a cúpula máxima no Porto".

"Só posso culpar a ordem porque nem faz, nem desiste daquilo", afirmou, lembrando que já há mais de 30 anos que o então bispo António Rafael tentou que esta igreja passasse para a diocese".

O pároco estranha este processo porque, segundo disse, as igrejas não podem ser penhoradas, mas o processo foi avante com o argumento do empreiteiro que reclama a dívida de que já não tinha culto.

Sobrinho Alves garantiu à Lusa que ele próprio celebrou e continua a celebrar quando lhe pedem naquele espaço, nomeadamente em datas como as de São Francisco e Santa Luzia.

A única pessoa ligada à ordem com quem a Lusa conseguiu falar foi Augusta Miranda, que, desde 2010, tem a chave da igreja e é uma espécie de zeladora, com o contacto pessoal afixado na porta para quem quiser visitar.

Segundo disse à Lusa, quando chegou o processo da dívida já estava em andamento e que acabou por ficar "sozinha", sem saber o que fazer, mesmo quando foi chamada como testemunho a tribunal.

"É triste estarmos nesta circunstância", disse à Lusa o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, adiantando que "o município está a acompanhar o processo" e que "a disponibilidade vai até ao ponto de impedir que o imóvel passe para a mão de um privado".

O autarca considerou que "não havia necessidade de chegar ao ponto de o imóvel chegar a leilão".

"Se calhar, podia resolver-se de outra forma", afirmou.

De acordo com as publicações que têm sido feitas sobre o monumento, a igreja de São Francisco apresenta uma das mais ricas coleções de arte sacra e os restauros que têm sido feitos nos últimos anos têm levado a novas descobertas de património.

Os frescos medievais na parte interior da abóbada e polvilhados pelo templo são também elementos distintivos deste imóvel integrado no convento que ficava na rota dos peregrinos de Santiago de Compostela, entre os mais notáveis, a Rainha Santa Isabel.

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