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Três dos sete militares da GNR acusados já tinham sido condenados em 2020

Três dos sete militares da GNR acusados num processo judicial de sequestro e agressões a imigrantes em Odemira (Beja) já tinham sido condenados, em julho de 2020, num caso também com trabalhadores estrangeiros, naquele concelho.

Três dos sete militares da GNR acusados já tinham sido condenados em 2020
Notícias ao Minuto

15:31 - 17/12/21 por Lusa

País Odemira

Os três militares, Rúben Candeias, João Lopes e Nelson Lima, estão agora acusados pelo Ministério Público (MP) por crimes de ofensas à integridade física e abuso de poder contra imigrantes presumivelmente da região do Indostão.

Além disso, segundo o despacho de acusação, de 10 de novembro e consultado hoje pela agência Lusa, dois deles, Rúben Candeias e João Lopes, estão também acusados, cada um, de um crime de sequestro de um trabalhador imigrante.

Segundo o Ministério da Administração Interna, foram desencadeadas, "de imediato" pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), "as providências necessárias à avaliação dos factos", estando "o inquérito ainda em curso".

Fonte da GNR disse à Lusa que cinco dos sete militares acusados estão a trabalhar normalmente e aguardam a conclusão dos processos com as medidas sancionatórias da IGAI.

Este caso foi noticiado pela CNN/TVI que avança que a investigação teve origem em 2019, quando a Polícia Judiciária apreendeu os telemóveis de cinco militares suspeitos de maus-tratos a imigrantes em Odemira, tendo encontrado vídeos e imagens que deram origem a este novo processo.

O processo anterior, envolvendo sequestro, violação de domicílio e agressões a imigrantes em Odemira, foi julgado em 2020 por um coletivo de juízes no Tribunal de Beja, tendo os três militares agora reincidentes sido então condenados a penas de prisão, suspensas na execução.

Na altura, este processo, acompanhado pela agência Lusa, visou um total de cinco militares da GNR que, à data dos factos, 30 de setembro e 01 de outubro de 2018, estavam colocados no Posto Territorial de Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira.

Na leitura de sentença, a 03 de julho de 2020, o Tribunal de Beja condenou a seis anos de prisão efetiva um dos cinco militares, que não é visado neste novo processo judicial do qual foi agora deduzida acusação.

Quanto aos quatro militares desse processo condenados a penas suspensas, coube a João Lopes uma pena de cinco anos de prisão e, como pena acessória, a dois anos e seis meses de proibição de exercício de funções.

O mesmo arguido foi ainda condenado pelo crime de falsificação de documento por funcionário.

Contactado hoje pela Lusa, Luís Cruz Campos, advogado de João Lopes nesse processo e também no atual, revelou que o seu cliente, que saiu do posto de Milfontes "em novembro de 2018", permanece "ao serviço" e "não está suspenso de funções", uma vez que "isso está a ser discutido no Tribunal Administrativo".

"Está salvaguardado pelos colegas onde, neste momento desempenha funções [num outro posto], tem consciência do que está acusado e já recebeu louvores depois desta situação", afirmou o advogado.

Tanto num como noutro processo, acrescentou, as situações na base das investigações "são contemporâneas", no que respeita a este arguido, pois, no primeiro processo, dizia respeito "a outubro de 2018" e, no de agora, "reporta-se a 11 de novembro de 2018".

No processo de 2020, a sentença para Ruben Candeias foi de quatro anos de pena suspensa, enquanto para Nelson Lima foram de três anos e seis meses. Os dois ficaram com penas acessórias de dois anos de proibição de exercício de funções.

O tribunal considerou, na altura, que esses cinco militares atuaram "em conjunto, de forma concertada e conscientemente", e com "manifesto abuso da autoridade" contra trabalhadores estrangeiros, "tudo por causa de desacatos" e "de umas garrafas partidas".

Tratou-se de "uma atuação absolutamente despropositada e desproporcional", afirmou o juiz, argumentando que "a autoridade hoje em dia não se impõe pela violência", mas sim "pelo escrupuloso cumprimento da lei".

O caso remontava à noite de 30 de setembro e madrugada de 01 de outubro de 2018, na zona de Almograve e Longueira, no concelho de Odemira.

Após um jantar em que estiveram presentes cerca de 25 indianos, os cinco militares eram apontados como tendo acedido à residência de trabalhadores desta nacionalidade e agredido e transportado sob coação alguns para a zona do restaurante.

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