Professora que divulgou conteúdos de exame volta a tribunal

O julgamento da professora Edviges Ferreira, suspeita de divulgar conteúdos do exame de Português, começou esta terça-feira a ser repetido a pedido do Tribunal da Relação.

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Notícias ao Minuto
16/11/2021 22:49 ‧ 16/11/2021 por Notícias ao Minuto

País

Julgamento

No julgamento a procuradora, juíza e advogados insistiram em esclarecer contradições, nomeadamente aferir que poemas ou temas foram referidos nas explicações e saíram depois na prova.

A ex-docente repetiu que nada divulgou. E a explicanda que não recebeu informação privilegiada em contexto de explicação particular.

Este caso remonta a 2017, na altura a antiga presidente da Associação de Professores de Português, suspeita de revelar conteúdos do exame à explicanda, foi acusada dos crimes de violação de segredo por funcionário e de abuso de poder. Acabou por ser absolvida na primeira instância.

No entanto, o Ministério Público e Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), recorreram da sentença e o Tribunal da Relação mandou repetir o julgamento por considerar que a primeira decisão tinha várias contradições.

A professora de português Edviges Ferreira foi demitida em 2019 da escola onde lecionava (Escola Secundária Rainha Dona Leonor, em Lisboa) pelo Ministério da Educação, na sequência de um processo disciplinar, antes do primeiro julgamento.

A aluna, que seria uma estudante que tinha explicações privadas com a professora em 2017, fez um áudio nas redes sociais a divulgar temas que podiam sair no exame de português do 12.º da altura. Em tribunal, disse esta terça-feira que a informação afinal não lhe foi passada por uma amiga, mas sim que ouviu "uma conversa de miúdas" cita o Jornal de Notícias.

Na altura tornou-se viral o áudio partilhado na rede social WhatsApp onde a aluna dizia "Ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo e só de estudar Alberto Caeiro e contos e poesia do século XX. Ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive". A aluna que terá enviado o áudio disse hoje em tribunal já não se recordar dos conteúdos exatos que apontara na altura.

A explicanda garantiu ainda que a docente "nunca" lhe disse "concretamente o que podia sair" e defendeu não se recordar de temas concretos que tenha estudado ou saído no exame. "Disse-me para eu me focar em Fernando Pessoa e naquele poema ['E há poetas que são artistas' de Alberto Caeiro]", que terá estudado "duas ou três vezes". Realçou ainda que a professora sugeriu alguns temas para a composição como a importância da memória ou dos vizinhos contra a solidão.

Quando a procuradora perguntou "O que a professora lhe disse para estudar saiu?" a aluna disse "sim, entre outras coisas".

A aluna, recorde-se, teve 9,5 valores no exame, mas pensa-se que 54 pessoas tiveram acesso antecipado aos conteúdos do exame devido a esta passagem de informação.

Em tribunal a docente voltou a garantir que "nunca" revelou conteúdos específicos que iriam sair no exame. Disse-lhe apenas que para não estudar Camões e o texto 'Felizmente há luar' de Luís de Sttau Monteiro porque saíram no ano anterior, mas que terá estudado com ela o restante programa que podia sair no exame. Sobre a lista de temas sugeridos para treinar a escrita de textos argumentativos, a docente disse que resultavam da sua "experiência" e "imaginação" como professora e Presidente da Associação de Professores de Português.

A próxima audiência do julgamento, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, está agendada para dia 25 de novembro.

Leia Também: Professora que manteve relação com aluna foi denunciada pelo marido

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