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Filhos recordam "homem bom" que sabia que na vida "nada se faz sozinho"

Os filhos do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, Vera e André, recordaram hoje o seu pai como "um homem bom", que sabia que na vida e na política "nada se pode fazer sozinho".

Filhos recordam "homem bom" que sabia que na vida "nada se faz sozinho"
Notícias ao Minuto

11:31 - 12/09/21 por Lusa

País Jorge Sampaio

Coube à filha mais velha o primeiro discurso na cerimónia oficial no claustro do Mosteiro dos Jerónimos, numa intervenção em que quis recordar o pai com a "autenticidade e proximidade" com que falava com os filhos.

"O nosso pai era um homem bom, atento e disponível, para quem as pessoas contavam cima de tudo, não as pessoas em geral, mas cada pessoa com nome e rosto", destacou.

Jorge Sampaio, sublinhou, "não gostava de arrogância" e "cultivava a amizade e a camaradagem porque sabia que, na vida e na política, nada se pode fazer sozinho".

André Sampaio, visivelmente emocionado, recordou o pai como um homem "popular sem ser populista, sempre próximo sem nunca banalizar a proximidade, que foi estadista e simultaneamente cidadão comum, que foi amado sem gostar de ser venerado".

"Foi lutador e pacificador, sabia ouvir e sabia decidir, valorizava a convergência, mas também os momentos de divergência, foi um homem justo, corajoso, mas sem medo de chorar, foi um homem bom, um pai extraordinário", afirmou.

O filho do antigo chefe de Estado deixou um agradecimento especial ao atual e antigos Presidentes da República, ao presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro, bem como à família do antigo chefe de Estado Mário Soares, falecido em 2017, e ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

"Foi notória a comoção quando se expressaram, mas também quando nos abraçaram", realçaram.

Em espanhol, fez uma saudação especial ao Rei de Espanha, Filipe VI, presente nas cerimónias, dizendo que "o pai gostava muito da sua família", agradecendo ainda as manifestações de amizade e afeto de Portugal a Timor, do Brasil, a São Tomé, da Guiné a Moçambique.

Aos portugueses, deixou um "agradecimento especial pelo carinho com que sempre distinguiram" o pai, "enquanto cidadão, Presidente e ex-Presidente".

Vera Sampaio recordou a sua relação com o pai, "sem barreiras nem bloqueios, de franqueza e honestidade recíprocas".

"Aprendemos desde cedo a ser livres, mas responsáveis, a olhar não para nós, mas para os outros", destacou, dizendo que não existia em Jorge Sampaio "uma discordância entre o político e o pai", de quem recordou a "sabedoria que lhe iluminava os olhos".

A filha mais velha do antigo chefe de Estado lembrou ainda a capacidade de se emocionar do pai, "partilhando lágrimas como quem partilha um abraço".

"E aqui estamos nós a partilhar convosco a emoção do dia mais triste das nossas vidas", referiu, numa intervenção que terminou com uma palavra dedicada à mãe e viúva de Jorge Sampaio, Maria José Ritta.

"Estamos aqui para ti e sempre contigo", afirmou.

Cerca de dez minutos antes do arranque da cerimónia - que começou antes da hora prevista, às 11:00 - o momento mais solene aconteceu com a chegada da urna ao centro do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, com todos os convidados em pé e em silêncio.

Em seguida, foram colocadas as insígnias e interpretado o hino nacional, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, com guarda de honra em torno da urna por cadetes das Forças Armadas durante toda a cerimónia.

Foram então transmitidos nos ecrãs colocados no claustro um excerto do discurso da tomada de posse de Jorge Sampaio como Presidente da República, no parlamento, em 9 de março de 1996, a sua intervenção na CNN sobre Timor-Leste, em dezembro do mesmo ano, e mensagens dos antigos primeiro-ministro e Presidente da República timorenses, Mari Alkatiri e José Ramos Horta.

Esta sessão evocativa de homenagem seguiu o modelo da que se realizou quando morreu Mário Soares, em janeiro de 2017, também no claustro do Mosteiro dos Jerónimos, nas primeiras cerimónias fúnebres com honras de Estado de um Presidente da República eleito em democracia.

Cerca de 300 pessoas assistem à cerimónia evocativa do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, que conta com as altas figuras do Estado, família, amigos próximos e delegações estrangeiras.

No final da cerimónia, o corpo do antigo Presidente da República será transportado para o cemitério do Alto de São João.

Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.

O Governo decretou três dias de luto nacional, entre sábado e segunda-feira, e cerimónias fúnebres de Estado.

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