O negócio de José Carlos e Isabel Campos, feirantes há mais de três décadas, ajudou a formar os filhos, o ortopedista João, de 30 anos, e a psicóloga Cláudia, de 26, que com a chegada do novo coronavírus puxaram da "imaginação para superar os obstáculos criados pelas paragens e restrições colocadas" à atividade dos pais, de 56 e 52 anos.

"A ideia surgiu durante o confinamento e partiu dos quatro, no sentido de nos ajudarmos mutuamente. Pensamos que juntando forças conseguimos criar um projeto que fosse útil. Os nossos pais sempre nos incutiram esta ideia. Vivemos em comunidade, uns com os outros. Se uns não estão bem, os outros também não conseguem estar", explicou à agência Lusa, Cláudia Campos.

O projeto da família Campos, de Barroselas, na margem esquerda do rio Lima, em Viana do Castelo, ganhou o nome de 'Eart', "a junção entre earth [terra] e heart [coração]".

"Significa a ligação entre a terra e o coração de cada um, que é onde estão os valores e começa a responsabilidade de proteger a nossa casa mãe. Também é na terra que criamos as memórias, mas é no coração que as guardamos, de forma simbólica", explicou Cláudia.

A "estratégia" de negócio foi pensada quando a família se juntava. Os pais deixaram de fazer feiras e tentaram nas redes sociais "para a atividade viva". O médico João "nunca deixou de trabalhar" e a psicóloga Cláudia, com pós-graduação em 'marketing', continua em teletrabalho, a partir da casa dos pais, como funcionária de uma empresa de recursos humanos.

"A ideia partir da necessidade de aproveitar o tempo passado ao ar livre, na natureza, que aumentou muito por causa da pandemia e, ao mesmo tempo, contribuir para a defesa do ambiente".

A partir desse conceito "foram criadas as camas Hammock, para montar entre duas árvores, num passeio pela floresta, e uma linha roupa de desporto de alta 'performance', confecionada sem costura, sendo que cada produto leva uma etiqueta plantável, de várias espécies".

"É só pegar na etiqueta, plantar e pode nascer salsa, orégãos ou outras especiarias. Por cada produto vendido vamos também plantar uma árvore, porque é uma emergência fazer alguma coisa para combater à desflorestação", adiantou a psicóloga.

As camas de descanso, "feitas em nylon e que aguentam mais de 200 quilogramas, são transportadas num saco, que não se perde por estar cosido à própria cama, e a montagem é rápida".

"A ideia é transportá-las para qualquer lado e, facilmente, em um minuto, podermos descansar e desfrutar do sítio onde estamos", especificou, "promovendo estilos de vida saudável ao ar livre e ajudando a preservar a natureza".

O "know-how" dos pais, feirantes de vestuário, permitiu encontrar um "parceiro" para a produção das camas e da roupa de desporto sem costuras confecionada com recurso à tecnologia 'seamless' (sem costuras) e que é feita numa fábrica da região.

Os conhecimentos dos irmãos João e Cláudia nas novas tecnologias fizeram nascer um sítio na Internet e uma página nas redes sociais para comercializar os novos produtos.

"Criámos um estúdio em casa para tirar as fotografias dos produtos para colocar no 'site' e no 'Instagram' e fazemos tudo. Juntamos as nossas forças", referiu.

"O 'feedback' de quem interage connosco e de quem utiliza os produtos está a ser positivo. Lançámos a marca em julho e as vendas vão surgindo, devagarinho ainda", acrescentou a jovem.

A covid-19 provocou mais de 4,3 milhões de mortos no mundo, em quase 204 milhões de infeções por SARS-CoV-2, que foi detetado pela primeira vez no final de 2019, na cidade chinesa de Wuhan, de acordo com um balanço da AFP.

Leia Também: AO MINUTO: Adolescentes serão vacinados com a Pfizer; Recorde na Rússia