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Recuo da DGS? "Foi uma pressão muito forte do ponto de vista político"

Adalberto Campos Fernandes aponta que a alteração de posição na vacinação de crianças e adolescentes "não foi, de facto, um bom momento".

Recuo da DGS? "Foi uma pressão muito forte do ponto de vista político"
Notícias ao Minuto

10:20 - 11/08/21 por Notícias ao Minuto

Política Adalberto Campos Fernandes

O facto de a Direção-Geral da Saúde (DGS) ter, esta terça-feira, recomendado a vacinação de todos os adolescentes com mais de 12 anos - num volte-face da decisão tomada no final de julho - levou a uma análise de Adalberto Campos Fernandes na TVI24. O ex-ministro da Saúde assumiu não ter facilidade em compreender esta mudança: "Nem eu nem, provavelmente, a esmagadora maioria dos portugueses. Temos de ter algum cuidado com a volatilidade das narrativas". 

"Isto não foi, de facto, um bom momento porque, em oito dias, nós não mudámos no conhecimento científico tanto quanto isso para justificar esta mudança de opinião", apontou o também professor da Escola Nacional de Saúde Pública, acrescentando que, "como diz o povo, escreveu-se direito por linhas tortas". 

Contudo, tinha sido preferível, na opinião do especialista, uma DGS "mais protegida, mais segura, mais forte e menos exposta àquilo que acabou por acontecer", que "foi uma pressão muito forte do ponto de vista político, que compreendo, porque a política tem a sua própria agenda, que é uma agenda diferente da agenda técnica e científica, e também pressão mediática, numa questão que é de facto muito sensível, que divide peritos, cientistas, investigadores, pediatras".

Do ponto de vista de Adalberto Campos Fernandes, "não se pode fazer crer que esta medida de fazer avançar em força para a vacinação das crianças tem apenas e só como objetivo acautelar que as escolas não funcionem mal ou funcionem menos bem". "Isso é um erro do ponto de vista da comunicação", frisou.

"O que nós estamos a dizer aos pais e às famílias é que as vacinas são seguras para as crianças e para os adolescentes e que a nossa primeira preocupação é defender a saúde dessas mesmas crianças e adolescentes", destacou ainda na TVI24.

Na opinião de Adalberto Campos Fernandes, a Direção-Geral da Saúde "tem de ter poder, tem de ter independência, tem de ter credibilidade e não pode estar à mercê dos recados que lhe chegam todos os dias pelos jornais ou pelas televisões, sejam de dirigentes políticos, sejam de órgãos de soberania, seja de qualquer outra estrutura corporativa da sociedade". Porque "isso fragiliza a segurança do país". 

De recordar que, ontem, a DGS recomendou a vacinação universal das crianças e jovens entre os 12 e os 15 anos, deixando assim de ficar circunscrita a situações específicas, como os casos em que têm doenças de risco. São, ao todo, 400 mil jovens que estarão elegíveis para serem inoculados.

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